domingo, 31 de janeiro de 2010

Crianças deve receber educação sexual a partir 7 anos?

Uma criança de 7 anos deve aprender na escola como são formados os óvulos e os espermatozóides?



Nessa idade ela pode receber informações sobre abuso sexual, emocional e violência doméstica? O governo britânico acha que sim.

A partir do ano que vem todas as escolas britânicas vão ser obrigadas a dar aulas de educação sexual para crianças com 7 anos de idade.

Os objetivos são evitar o abuso sexual infantil e diminuir o índice de gravidez na adolescência.

Lisa Hallgarten, especialista em treinamento de professores, diz que na Holanda, onde a educação sexual começa mais cedo ainda, a partir dos 5 anos, esses índices são baixíssimos. Enquanto os ingleses, que começam a receber educação sexual aos 16 anos, têm o maior número de casos de gravidez na adolescência de toda a Europa.

As estimativas britânicas mais recentes são de 2007. Foram 43 mil casos para uma população de 61 milhões de habitantes.

A nova lei divide opiniões e levanta muitas dúvidas entre pais e professores ingleses. Afinal, existe uma idade certa pra se começar a aprender educação sexual na escola?

“A idade certa seria doze ou treze anos. É quando as crianças começam a ter maturidade para entender o que isso significa”, diz um pai.

Já uma mãe concorda com a lei, dependendo do que for ensinado.

Pela nova lei, alunos de 7 a 11 anos vão aprender sobre: mudança do corpo na puberdade; formação de óvulos e de esperma; reprodução; valor dos relacionamentos estáveis e do casamento; sinais de uma relação amorosa feliz; riscos de abuso e de violência doméstica.

Chris Hill, da associação de diretores das escolas britânicas, diz que o processo é gradual, As crianças aprendem aos poucos e quando chegam na juventude podem tomar decisões seguras.

E se o Brasil adotasse a mesma política e obrigasse as escolas a incluir entre as suas disciplinas aulas de educação sexual para crianças a partir de sete anos de idade? Como será que as famílias brasileiras reagiriam?

O Fantástico convidou algumas mães e educadoras que são contra essa ideia, e algumas que são a favor. Essa idade é muito cedo?

A jornalista Moema Crespo defende: “É essencial esse tipo de papo nas escolas, esse tipo de orientação, até como uma forma de apoiar e ajudar os pais a conseguirem lidar com esse assunto melhor”.

A enfermeira Renata Raquel também concorda: “Com certeza. Essas crianças hoje em dia estão bem precoce.

A recepcionista Glória de Souza Fereira explica: “O menino já é mais de ouvir, ficar um pouco calado, né? Eu como tenho uma que é super assim, tudo ela pergunta. Às vezes eu fico até sem graça, não sei como responder”.

“Eu acho que tudo isso tem que ser feito na nossa casa, dentro da nossa família”, diz a analista de RH Márcia Dantas.

A esteticista Carla de Mello também discorda: ”Eu acho que é muito precoce colocar para uma criança de 7 anos assuntos que ela tem que amadurecer mais para poder absorver”.

“Eu penso que deve ser a partir dos 9 anos. A gente começar já realmente a falar, explicar a função, o que é um espermatozóide, o que é um óvulo, como é que a criança é gerada, o que é uma intimidade de um casal, para que serve a camisinha”, diz a educadora Maria Luiza Borborema.

No Brasil, estados e municípios podem incluir aulas de educação sexual a partir da quarta série do Ensino Fundamental, quando a criança tem por volta dos dez anos de idade.

O Governo Federal tem um programa para adolescentes e jovens dos 13 aos 24 anos. O alunos aprendem e discutem temas como: prevenção de doenças sexualmente transmissíveis; gravidez na adolescência; diversidade sexual; e reprodução. Dois terços das escolas públicas brasileiras adotam esse programa.

Segundo o governo, as campanhas ajudam a explicar a queda nos números da gravidez de meninas e adolescentes.

Em 2009, o Brasil teve, pelo Sistema Único de Saúde, 444 mil partos de mães entre dez e 19 anos de idade. Dez anos atrás, foram 712 mil partos. A redução em uma década foi de quase 40%.

A educadora Maria Luiza completa: “Eu acho que a sexualidade, ela está vindo precoce até pela facilidade que a criança tem hoje em dia. É através de uma música, através de dança sensual, é através da internet. Isso tudo está trazendo realmente uma curiosidade bem antecipada. Mas é importante que os pais estejam atentos para saber como responder”.

“O que eu acho interessante é que ela possa ter algum canal, né? Seja na família, ou na escola, que ela possa até checar as informações. Porque ela vai procurar essas informações”, disse a professora Silvia Zornig.

“Se ela puder chegar em casa ou ter na escola uma informação que vá ser um contraponto muitas vezes a uma ideia muito mais fantasiosa que às vezes a criança tem, e que é errada às vezes, eu acho que isso pode ajudá-la”, diz a psicóloga da PUC-Rio Silvia Zornig.

“Os pais estão muito tempo fora de casa, e não estão conseguindo atender a essas necessidades das crianças. Por isso mesmo eu acho que é legal a educação sexual na escola, para ajudar, defende Moema.

“Eu não concordo, porque mesmo que os pais trabalhem, eles têm que arrumar sempre um tempo para se dedicar aos filhos, não importa como seja”, argumenta Carla.

“A escola já desempenha esse papel, já desenvolve esse papel. Não como currículo. Agora, se tiver que vir como currículo, aos nove anos, eu acho ideal. Aos sete anos eu não acho”, diz Maria Luiza.

Para quem é contra, a questão é a idade, que é considerada precoce.

Para quem é a favor: “Eu acho que se as perguntas já estão acontecendo, é porque está na hora de começar a esclarecer”, argumenta Moema.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Haiti e o estado de natureza



Índice de atualidades
Para sobreviver, população recorre a saques e disputa por comida.
Especialistas explicam a situação pela ótica de Thomas Hobbes.


Haitianos disputam bolsa com suprimentos em Porto Príncipe
(Foto: Ap/Xinhua, David de la Paz)Brigas nas filas de distribuição de alimentos por entidades humanitárias, canos de abastecimento da cidade cortados para ter acesso à água e saques a supermercados em ruínas são cenas comuns nos últimos dias em Porto Príncipe, capital do Haiti, devastada por dois terremotos. A situação do país e a reação de seus habitantes, que, na luta pela sobrevivência, acabam ferindo princípios morais e éticos, compõem o que o pensador inglês Thomas Hobbes (1588-1679) chamou de “estado de natureza”.

“O estado de natureza é a ausência total de regras. É quase uma anomia, quando não existe o estado. As pessoas acabam agindo dessa maneira, racionalmente, como uma maneira de se autopreservar”, explica Rogério Arantes, professor de ciências políticas da USP. “O país acaba mergulhado num clima de insegurança, por causa do medo das outras pessoas. Numa situação como essa, as atitudes ficam imprevisíveis.”


Loja destruída por terremoto é saqueada na capital do Haiti
(Foto: AP Photo/Gerald Herbert)Segundo ele, o “estado de natureza” puro, com a completa inexistência de ordem, nunca existiu. “É uma ideia hipotética, mas há duas situações reais em que um país se aproxima dele: 1) guerra civil, em que não existe um organismo no país que monopolize a força física para conseguir valer as leis; e 2) no caso de guerra entre os estados no plano internacional, a chamada ‘guerra de todos contra todos’, em que os estados agem na lógica da autopreservação.” Na visão do professor da USP, o caso do Haiti não chega a ser “estado de natureza”, porque há organismos internacionais agindo.

> Saiba mais sobre o Haiti: História | Crise | Terremoto no Haiti

Reconstrução do país

ENTENDA O QUE É O "ESTADO DE NATUREZA"
É quando há a ausência do estado e, portanto de regras ou de quem as fiscalize, e as pessoas para garantir a sua sobrevivência agem muitas vezes desrespeitando a moral. Um dos principais pensadores é Thomas Hobbes.
O cientista político Cláudio Gonçalves Couto, professor da PUC-SP e da FGV, é da mesma opinião. Ele explica que, antes do terremoto, já havia a atuação de forças internacionais de paz no país para criar condições para a reconstrução do Haiti, após anos de guerra civil. “No entanto, com o terremoto, desorganização tão profunda das relações sociais que estavam sendo estabelecidas, houve um retrocesso ao estágio anterior, que se assemelha ao estado de natureza.”

“Na falta de um poder central capaz de dizer o que é lícito e ilícito e punir as eventuais transgressões de um modo a manter a ordem, o que existe é uma situação em que todos tentam resolver os seus problemas de acordo com o que a sua força permite, o que acaba resultado na conflagração generalizada entre as pessoas.”

“Há aqueles que, por desespero ou oportunismo, vêem essa situação em que não há uma fonte de ordem estabelecida, usam os seus recursos próprios para fazer aquilo que lhes é mais conveniente.” Couto cita como exemplo o caso dos presos que fugiram de uma prisão que desabou com o terremoto e voltaram para uma favela que é o centro da criminalidade e instauraram a sua própria ordem.

Uma visão diferente


Crianças se apertam em fila para receber comida nos arredores de Porto Príncipe
(Foto: Ap Photo/The Miami Herald, Patrick Farrell)De acordo com o professor de teoria política da Unesp, em Marília, Paulo Ribeiro da Cunha, na interpretação de outro pensador, John Locke, que sucede Hobbes, os homens não vivem necessariamente em conflito no "estado de natureza". "Locke contrapõe o que dizia Hobbes. Para Hobbes, em estado de natureza não existia sociedade porque o homem sempre foi individualista e vivia em conflito. Já para Locke, os homens sempre viveram em sociedade. Para fudamentar sua interpretação, Locke usa o exemplo dos indígenas, que, segundo ele, são sociedades em estado de natureza e vivem harmoniosamente", diz o professor.

Foi devido à evolução - com o surgimento do dinheiro e competição entre os homens, por exemplo -, que surgiu um estágio que Locke chama de "estado de guerra". Para sair desse estágio há o salto que resulta na construção do estado.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Brasil(Maior cinturão verde)

Chuva interfere na produção de verduras em SP
Mogi das Cruzes, responsável por boa parte da produção nacional está com vários pontos alagados por causa da abertura parcial das represas na região. prejuízo para os produtores rurais e consumidores.

João Gabriel Bressan - Mogi das Cruzes, SP
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Alface, escarola, almeirão. Tudo ficou debaixo da água em Mogi das Cruzes, na grande São Paulo.

“Em quantidade de verdura é 240 mil pés de alface que eu deixei de entregar para os clientes", contabiliza Donizete dos Santos, agricultor.

Mais da metade da área já estava plantada, mas quando o nível do rio Tietê subiu de repente, quase nada se salvou. Olha só o que aconteceu: 24 mil pés de hortaliças derreteram na água.

O cenário de devastação é reflexo da chuvarada dos últimos dias e da cheia nas represas. As barragens que abastecem três milhões de pessoas de parte da região metropolitana e na zona leste da capital suportam até cinco bilhões de litros de água.

Todas estão acima da média e precisaram abrir parcialmente as comportas para liberar o excesso de água.

Juntas, as represas despejam 16 mil litros de água por segundo, o que daria para encher uma piscina olímpica a cada dois minutos. O rio Tietê que recebe toda essa água transborda e inunda as plantações que ficam às margens.

Na região que é responsável por 15% das hortaliças cultivadas no país, o que não foi atingido pela cheia, não dá mais para aproveitar: quase três mil pés de almeirão vão para o lixo porque as raízes apodreceram.

Em Biritiba Mirim o agricultor Paulo Shintate perdeu 60% dos dez mil pés de vários tipos de verdura. “Nessa época do verão o consumo é bem maior de saladas e hortaliças e a gente não tem o que mandar para o mercado porque a gente não tem condições de produzir".

Sempre que acontecem problemas assim, o consumidor já sabe: com menos oferta, o preço sobe.

A Ceagesp, Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo, confirma que as hortaliças estão 11% mais caras.

Brasil(Maior cinturão verde)

Chuva interfere na produção de verduras em SP
Mogi das Cruzes, responsável por boa parte da produção nacional está com vários pontos alagados por causa da abertura parcial das represas na região. prejuízo para os produtores rurais e consumidores.

João Gabriel Bressan - Mogi das Cruzes, SP
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Alface, escarola, almeirão. Tudo ficou debaixo da água em Mogi das Cruzes, na grande São Paulo.

“Em quantidade de verdura é 240 mil pés de alface que eu deixei de entregar para os clientes", contabiliza Donizete dos Santos, agricultor.

Mais da metade da área já estava plantada, mas quando o nível do rio Tietê subiu de repente, quase nada se salvou. Olha só o que aconteceu: 24 mil pés de hortaliças derreteram na água.

O cenário de devastação é reflexo da chuvarada dos últimos dias e da cheia nas represas. As barragens que abastecem três milhões de pessoas de parte da região metropolitana e na zona leste da capital suportam até cinco bilhões de litros de água.

Todas estão acima da média e precisaram abrir parcialmente as comportas para liberar o excesso de água.

Juntas, as represas despejam 16 mil litros de água por segundo, o que daria para encher uma piscina olímpica a cada dois minutos. O rio Tietê que recebe toda essa água transborda e inunda as plantações que ficam às margens.

Na região que é responsável por 15% das hortaliças cultivadas no país, o que não foi atingido pela cheia, não dá mais para aproveitar: quase três mil pés de almeirão vão para o lixo porque as raízes apodreceram.

Em Biritiba Mirim o agricultor Paulo Shintate perdeu 60% dos dez mil pés de vários tipos de verdura. “Nessa época do verão o consumo é bem maior de saladas e hortaliças e a gente não tem o que mandar para o mercado porque a gente não tem condições de produzir".

Sempre que acontecem problemas assim, o consumidor já sabe: com menos oferta, o preço sobe.

A Ceagesp, Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo, confirma que as hortaliças estão 11% mais caras.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

História:

Chávez nomeia novos integrantes do governo
Nos últimos dias, o presidente da Venezuela desvalorizou a moeda, fechou lojas, nacionalizou uma rede francesa de supermercados e impôs cortes de água, entre outras medidas.


O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nomeou novos integrantes do governo no final da noite de terça. A reportagem é do enviado especial a Caracas, Carlos de Lannoy.

Para a vice-presidência, Chávez escolheu o ministro da Agricultura, Elias Jaua, e para o Ministério da Defesa, o general Carlos Mata. Os dois cargos eram ocupados por Ramon Carrizales, que renunciou na segunda-feira alegando motivos pessoais.

Mas, para analistas políticos, Carrizales discordava das formas de combate à crise econômica. Durante o anúncio, Chávez negou divisões no governo e disse que as forças armadas estão comprometidas com os ideais revolucionários.

A Venezuela vive uma crise profunda. Nos últimos dias, Chávez desvalorizou a moeda, o bolívar; fechou lojas acusadas de aumentar preços e nacionalizou uma rede francesa de supermercados. O governo ainda impôs cortes de água e um racionamento de energia foi tão mal planejado que teve que ser revisto.

A inflação está acima dos 25% ao ano, é a maior do continente, e a economia venezuelana encolheu quase 3% no ano passado.

No último domingo, Hugo Chávez suspendeu a transmissão de seis tevês a cabo internacionais. Entre os motivos, o fato de elas não exibirem os discursos do presidente.

Nesta quarta, três emissoras foram autorizadas a retomar as transmissões, mas a mais popular do país ainda está fora do ar. Dois estudantes morreram num protesto contra este fato na segunda.

Aos manifestantes contrários ao governo, o presidente Hugo Chávez avisou: se continuarem nesse caminho, ele vai aprofundar ainda mais a revolução.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Invação iraque:história

20 de março de 2003-forças americanas invadem o iraque a partir do kuwait
9 de março de 2003-menos de um mes depois,as forças de colizão tomam bagdá e não encontram o presidente saddan hussein
13 de julho de 2003-o conselho iraquiano composto de 25 escolhidos sob supervisão americana,se reúne pela primeira vez em bagdá.
19 de agosto de 2003-um ataque suicida nas instalações da onu em bagdá,mata 22 pessoas.dez dias depois 1o dias
13 de dezembro de 2003-tropas americanas capturam saddan husein
2 de dezembro de 2003-ataques em bagda e kerbala deixam 51 mortos.
8 de março de 2004-conselho de governo assina uma constituição provisória
1 de junho de 2004-conselho e dissolvido para dar lugar ao governo interino ghanzi
28 de junho de 2004-coalizão entrega o poder aos iraquianos.o enviado americano paul
bremer deixa o país.
30 de janeiro de 2005-iraquianos votam em eleição multipartidarias pela primeira vez em 50 anos,a aliança unida xiita vence o pleito para parlamento interino.a maioria sunitas não votaram.
15 de outubro de 2005-iraquainos votaram em referendo e aprovam 78% a nova constituição do país,apesar da oposição do grupo sunita,que quase não compareceu ás urnas.
19 de outubro de 2005-saddan hussein e julgdo

Mundo:

Começa o Fórum Econômico Mundial na Suiça
Começa nesta quarta-feira em Davos, na Suíça, o Fórum Econômico Mundial, que reúne a elite econômica e política do planeta.




A grande discussão esse ano é como reformar o sistema financeiro para evitar novas crises mundiais.

A 40ª edição do fórum econômico mundial em Davos, na Suíça, é marcada pela volta dos banqueiros.

Eles que no ano passado, em plena crise econômica, nem arriscaram dar as caras por lá, agora comparecem em peso, dispostos a seguir o tema central do evento: "repensar, redesenhar, reconstruir".

Uma posição humilde, que revela os bastidores da principal discussão, o novo modelo de atuação dos bancos e também das empresas para se tentar evitar novas crises econômicas.

O presidente Lula virá para receber um prêmio inédito: o de estadista global, concedido a ele principalmente pelo comportamento do Brasil perante a última crise econômica. O Brasil, aliás, que está sendo considerado a bola da vez, segundo muitos economistas, antes de 2020, nosso país será a quinta nação mais rica do mundo.

Medicina

Conheça os benefícios da soja
Pesquisadores brasileiros estão conseguindo potencializar os efeitos da soja no organismo. Esse grão diminui os efeitos da menopausa, combate o câncer e retarda o envelhecimento.




Aos 80 anos de idade um pesquisador da Universidade de Campinas tem um segredo para toda essa energia. “Todos os dias estou tomando soja também”, conta Cléber Silveira Moraes, doutor em ciências de alimentos (Unicamp).

Ele conhece os benefícios. É o responsável pela descoberta de um composto que extrai os nutrientes da soja.

O estudo isolou a isoflavona, substância química que substitui os hormônios femininos reduzidos durante a menopausa. Ela tem uma absorção difícil no organismo por causa da glicose e boa parte dos nutrientes acaba eliminada. No laboratório da Unicamp o trabalho do pesquisador foi separar a glicose da isoflavona, para evitar a perda dos nutrientes.

“Seria como potencializar a absorção desse composto, no caso a isoflavona. Ela sem a glicose é mais facilmente absorvida. Portanto depois de absorvida ela vai trazer todos os benefícios com maior intensidade”, explica.

Os benefícios são muitos. “Estudos mostram que a isoflavona pode diminuir os feitos da menopausa nas mulheres como sudorese, dores e cansaço. Como é um alimento funcional pode atuar em várias funções. Ela também tem atividade anti-cancerígena, principalmente câncer de mama e próstata, ela tem atividade antioxidante, envelhecimento precoce. Além disso é usado na osteoporose, redução do colesterol”.

A soja ainda tem vitamina E que combate o envelhecimento, saponina que previne esclerose das artérias, lecitina que ativa células do cérebro, fibras que ajudam no funcionamento do intestino e o cálcio que fortalece os ossos.

Os benefícios são comprovados pela ciência e pelos orientais que esbanjam vitalidade com ingestão diária no cardápio. Alguns produtos a base de soja são mais indicados, pois tem uma melhor absorção dos nutrientes no organismo. É o caso do queijo tofu, e do missushyro, feito a base dessa pasta que é o myssu.

Por que esses alimentos são mais saudáveis? “Porque eles são fermentados. No processo eles recebem bactérias que quebram a cadeia de nutrientes e então fica melhor para serem digeridos”, explica a nutricionista.

A nutricionista mostra algumas opções para o consumo de soja. “Nós temos o extrato de soja puro, com isso você pode preparar receitas de bolo, pudim e biscoitos. Aqui nós trouxemos uma sugestão de salada de frutas, com uma farofa de soja, moída. Nós temos o leite em duas versões. Nós fazemos de um jeito em que fique com mais nutrientes. Você pode bater com uma fruta de sua preferência”.

Para ter o efeito benéfico a indicação é de 30 miligramas por dia. Isso equivale a duas colheres de sopa do produto in natura.

No caso do tofu essa quantidade pode ser obtida com duas fatias do queijo. Já no leite a recomendação diária só é atendida com a ingestão de um litro de leite.

Uma dica importante: para consumir a soja você deve cozinha-lá primeiro. O legal é bater em um liquidificador o grão já cozido com a água da fervura. Fica como um purê. Assim você não perde a isoflavona que foi liberada na água.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Tailândia
Na Tailândia, estudantes fizeram uma marcha para pedir a proteção dos tigres asiáticos. Segundo um relatório recém divulgado pela ONG WWF, os animais correm risco de extinção porque são mortos ilegalmente para uso na medicina chinesa.
Dois estudantes morreram na Venezuela durante um confronto entre manifestantes a favor e contra o governo de Hugo Chavez.



Segundo o ministro do interior, os jovens foram vítimas de um ataque de oposicionistas.

Os protestos aconteceram em várias partes do país depois que o presidente Hugo Chávez suspendeu seis canais de televisão que se recusaram a divulgar seus discursos.

Líbano
Autoridades libanesas disseram que o piloto do avião que caiu com 90 pessoas a bordo não seguiu a instrução para desviar da tempestade.

O piloto virou na direção contrária à orientada pelos controladores de voo. Ainda não se sabe o motivo da manobra. Até agora, 27 corpos foram resgatados.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Politica:

Vanguarda armada revolucionária:
ideoogia:trotskismo
táticas:
assaltos,resistencia a bancos e carros-fortes
militantes:
carlos minc,dilma rousselft
objetivos:
"Formação do estado socialista,dirigido pelo governo revolucionário dos trabalhadores,expressão da ditadura do proletariado
MOVIMENTO REVOLUCIONARIO 8 DE OUTUBRO(MR-8)
IDEOLOGIA:trorskismo
táticas:sequestro a bancos,roubos e assaltos
militantes:
frankin martins
objetivos
"Mesmo após a tomada do poder,será preciso aprofundar continualmente o contéudo da nova revolução...suscitando intensa luta ideologica que destrua as sequelas da sociedade burguesa.
PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL:
ideologia:
maonismo,baseado na doutrina chinesa mao tsé-tung segundo o qual a vanguarda socialista poderia começar seu movimento de agitação e luta no campo
táticas:
guerrilhas rura na região do araguaia,entre 1972 e 1974
integrantes:
josé genuino
o que dizem;"A luta revolucionária em nosso país assumirá a forma da guerra popular."união dos brasieiros para livrar o país da crise,da ditadura e ameaça do neocolonialismo.
PC-B
ideologia:maonismo
táticas:assaltos a carros fortes,roubos de arma,sequestros e invação esta~ção de rádio
militantes:
tarso genro
objetivos:"constitui-se a um governo de transição para ditadura do proletariado e para etapa socialista.critica ao oportunismo,subjetividade.

Politica:

Os pontos mais polemicos do programa nacional de direitos humanos:
Regime militar:
Lei da anistia:com cunição dos culpados,é proibição do uso de nome de presidentes militares escolas,cidades e hospitais.
Aborto:Defeito o aborto como meio contraceptivo.
União entre homossexuias:Aprova e concede o ato de adoção
Simbolos religiosos:quer impedir a exibição de simbolos religiosos em espaço públicos.
Grupos de esquerda que surgiram na década de 60 e 70:
Tinham como objetivo derrubar o regime ditatorial de uma direita e instalar em seu lugar um governo socialista."Nenhum deles almejava uma transição para ditadura."
AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL(ANL)
IDEOLOGIA:
castração,a versão do ditador fide castro para revolução socialista.
Táticas:
assalto a bancos,ataques a carros forte,sequestro e guerrilhas rural.
Militantes:
paulo vanuchi,josé dirceu,aloysio nunes
o que dizia o programa:
"todos nós somos guerrilheiros,terroristas e assaltantes,e não homens dependem de outros revolucionarios ou que quer quem seja sobre a organização dos revolucionários.
COLINA(COMANDO DE LIBERTAÇAO NACIONAL)
ideologia:
trotskismo,vertente do bolchevismo baseados nas ideiais do russo leon thotsky,que pregava a imposição do sociaismo em todo país.
Táticas:
assasinatos,assaltos a banco e roubo de armas
militantes:
Dilma rousseff,fernando pimentel
o que diziam:"o terrorismo com exceção(Nas cidades e campo)de esbirros da reação deverá obedecer a um rigido critério político.
VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONARIA(VPR)
ideologia:thotskismo
táticas:atentados a bomba,assasinatos,roubo de armas,guerrilha rural
militantes:
fernando pimentel e diógenes de oliveirao que dizerm:"Estamos exercendo hoje uma violenta vanguarda e não uma guerrilha do povo localizada."

domingo, 24 de janeiro de 2010


O Hipotálamo (do idioma Grego ὑποθαλαμος = sob o tálamo) é uma região do cérebro dos mamíferos (tamanho aproximado ao de uma amêndoa) localizado sob o tálamo, formando uma importante área na região central do diencéfalo, tendo como função regular determinados processos metabólicos e outras atividades autônomas. O hipotálamo liga o sistema nervoso ao sistema endócrino sintetizando a secreção de neuro hormônios (também chamado de "liberador de hormônios") sendo necessário no controle da secreção de hormônios da glândula pituitária — entre eles, liberação do hormônio gonadotropina [1] (GnRH). Os neurônios que secretam GnRH são ligados ao sistema límbico, que esta envolvido principalmente no controle das emoções e atividade sexual. O hipotálamo também controla a temperatura corporal, a fome, sede, e os ciclos circadianos.

Apesar de relativamente pequeno, é uma região encefálica importante na homeostase corporal, isto é, no ajustamento do organismo às variações externas. Por exemplo, é o hipotálamo que controla a temperatura corporal, o apetite e o balanço de água no corpo, além de ser o principal centro da expressão emocional e do comportamento sexual. O hipotálamo faz também a integração entre os sistemas nervoso e endócrino, atuando na ativação de diversas glânduals produtoras de hormônios.A hipófise e o hipotálamo são estruturas intimamente relacionadas morfológica e funcionalmente que controlam todo o funcionamento do organismo direta ou indiretamente atuando sobre diversas glândulas como a tireóide, adrenais e gônadas. Quase toda a secreção hipofisaria é controlada pelo hipotálamo, que recebe informações oriundas da periferia (que vão desde a dor até pensamentos depressivos) e dependo das necessidades momentâneas inibirá ou estimulara a secreção dos hormônios hipofisarios, através de sinais hormonais ou neurais. O hipotálamo também produz dois hormônios, a ocitocina (OCT) e o hormônio antidiurético (ADH) que são transportados para a neuro hipófise onde são armazenados.


[editar] Funções e Características do hipotálamo
Regular determinados processos metabólicos e outras atividades autônomas.
Secreção de neuro hormônios.
Controla a temperatura corporal, a fome, sede, e os ciclos circadianos (ritmo circadiano).
Importante na homeostase corporal
É o principal centro da expressão emocional e do comportamento sexual
O hipotálamo desempenha um importante papel no controle do sistema endócrino, porque regula a secreção hormonal da hipófise, que influencia funções tão diversas como o metabolismo, a reprodução, as respostas aos estímulos agressivos e a produção de urina. O hipotálamo está também associado a funções relacionadas com emoções e humor. Sensações como prazer sexual, sentir-se relaxado e “bem” após uma refeição, a raiva e o medo estão relacionados com o funcionamento do hipotálamo.(?-essa doença pode desenvolver em alguns portadores efeitos colaterais como o desenvolvimento maior de seus sentidos como visão,tato,olfato e o aumento de sua capacidade de raciocínio para algumas atividades em determinadas áreas

Pode-se identificar o portador dessa doença através:de seu comportamento que pode sofrer mudanças repentinas(ter atitudes agressivas e impulsivas),sangramentos nasais,fortes dores de cabeça,corpo mais quente do que o normal,suor descontrolado mesmo nas extremidades.
As pessoas que possuem essa disfunção são muito raras e por isso ainda é algo a ser estudado com maior precisão.Alguns dos pontos fracos dessas pessoas é a baixa expectativa de vida por volta dos 40 a 50 anos,possuem grande produção de ácido lático(responsável pelo desgaste físico),desenvolvem tambem uma grande ansiedade.
Além disso essa deficiência é gerada em indivíduos de genética superior(os mutantes),ou seja,aqueles com maior capacidade de adaptação isso faz com que tais se tornem extremamente desenvolvidos e desenvolvedores de descendentes com genética ainda mais aprimoradas.Seus filhos são normais,são possuidores de uma inteligência incomum e geralmente sem essa anomalia genética.
São pessoas que tem o lado físico bem desenvolvido pela genética

Muitas das vezes desenvolvem a empatia(tendência para sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa).Tendem a serem pessoas bem sucedidas por sua dedicação e persistência no que fazem

Medicina:

Mulher com forma de “pêra” tem mais saúde
Menos gordura na área abdominal e mais gordura no quadril é benéfico para a saúde.



Tem gente que não gosta de mulher pêra. Mas também tem muita gente que adora. “Acho que os homens preferem as mulheres assim. Então, estou satisfeita”, diz a modelo Danielle Paiva. “Meu atual marido adora meu corpo assim. Ele falou que, se eu fizer uma lipoaspiração, ele até me larga”, conta a cabeleireira Vera Carvalho.

Gosto não se deveria discutir. Mas a ciência, metida que é, achou que era o caso de meter a colher nessa fruteira. Um estudo internacional revisou várias pesquisas sobre os efeitos da gordura abdominal e a das coxas, quadril e bumbum, a chamada gordura periférica, e decretou: ter o corpo em forma de pêra é melhor para a saúde do que ser do estilo maçã.

“Eu concordo com essa pesquisa. Inclusive, não tenho doença nenhuma, sou perfeita. Tenho muita saúde. Mesmo assim, com isso tudo grande”, ressalta Vera, apontando para os quadris.

Os tecidos gordurosos servem para armazenar energia. Conforme o corpo precisa, essa energia é liberada sob a forma de ácidos graxos. A gordura acumulada ao redor da cintura é facilmente liberada quando solicitada. Já a gordura periférica fica lá e funciona mais para necessidades de energia de longo prazo.

Por isso, quanto mais gordura na área abdominal, maior a chance de os ácidos graxos circularem pelo corpo e acabarem se acumulando nos músculos e em órgãos como o fígado.

Essa quantidade maior de ácidos graxos pelo corpo é uma das razões que explica porque muita gordura na barriga aumenta o risco de ter doenças cardíacas e diabetes. Mas não é a única. A gordura periférica não é apenas menos prejudicial: ela pode trazer benefícios para a saúde. “É bom, mas não quero pra mim”, resiste a dentista Ingrid Calheiros.

“A gordura acumulada no quadril e coxa é benéfica porque produz algumas substâncias que são benéficas para o organismo. São substâncias que sinalizam para o cérebro que você está alimentado. Então, você diminui a quantidade de alimentos porque aquela substância aumentou e você sabe que está bem alimentado e, principalmente, ela produz algumas substâncias que atuam nos vasos como antiinflamatórios. Ou seja, são substâncias que evitam a ocorrência de inflamação da parte interna dos vasos, que pode causar a obstrução desses vasos”, explica o médico Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo.

Para saber se você tem risco alto ou baixo de ter doenças cardíacas e diabetes, existe uma fórmula. Meça a circunferência abdominal e divida pela medida do quadril. “O importante é que a fita não fique muito presa, ela tem que ficar meio solta”, explica a endocrinologista Luciana Lopes.

Foi o que o Fantástico fez, com a ajuda da doutora Luciana, no galpão de uma escola de samba: um pomar carregado de peras, com todo o respeito.

Para as mulheres, se a conta da cintura dividida pelo quadril der menor do que 0,85 o risco para problemas cardíacos é baixo. Para homens, o valor de referência é 0,90. Menor do que isso, o risco é baixo. Maior, risco alto.

Conclusão: no pomar do samba está sobrando saúde.

Medicina:

Células-tronco do cordão umbilical são usadas no tratamento da leucemia
São as células-tronco que dão origem a todos os tecidos, do coração à pele, dos ossos às células nervosas. A aposta na tecnologia da expansão celular é tão grande que centros do mundo inteiro estão es



O Fantástico aborda a importância da genética, mas de um jeito um pouquinho diferente. O assunto são as células-tronco, uma das grandes apostas da medicina para tratar uma série de doenças. A grande notícia é que esses tratamentos começam a sair do papel. Esta semana, cientistas americanos anunciaram um grande avanço no tratamento da leucemia. Uma revolução de verdade.



Trazer o filho ao mundo e dar a outros pais a chance de verem seus filhos crescerem: “Estou feliz, porque vou voltar a minha vida normal. Vou fazer minhas coisas normalmente, ir à praia, uma coisa que eu não faço há muito tempo”, conta Gabriel Lobo Lima, de 15 anos.

Na segunda-feira (18), Gabriel recebeu o transplante de células-tronco do sangue de um cordão umbilical. Ele foi ao Instituto Nacional do Câncer, o Inca, no Rio de Janeiro, para combater a leucemia violenta que apareceu há quatro meses. O transplante é a única esperança de cura.

São as células-tronco que dão origem a todos os tecidos, do coração à pele, dos ossos às células nervosas. Há dois tipos: as embrionárias, como o nome diz, estão nos embriões. E as adultas que podem ser retiradas da pele, da medula óssea ou do cordão umbilical de recém-nascidos. As do cordão têm a vantagem de estar em um estado menos avançado, permitindo o transplante sem compatibilidade total entre o doador e o receptor.

“A grande maioria dos transplantes realizados até hoje com sangue de cordão umbilical foi realizado com unidades que não eram completamente compatíveis. Os resultados são muito promissores e esses pacientes estão hoje vivos para contar história e mostrar a importância dessa técnica”, conta Luís Fernando Bouzas, do Instituto Nacional do Câncer.

História que começou com Vanessa em 2004. Em Jaú, no interior dede São Paulo, ela recebeu o transplante que lhe deu a oportunidade de derrotar a leucemia e crescer com graça, chegar à adolescência.

“Aquele cordãozinho umbilical abençoado fez com que a Vanessa tenha hoje uma medula maravilhosa. O exame de sangue dela está melhor que o nosso”, conta a mãe de Vanessa, Mary Barro Canal.

A desvantagem é que são poucas células em cada cordão, por isso só podem recebê-las crianças e adolescentes de no máximo 50 quilos. Mas uma descoberta de um centro de pesquisa norte-americano pode mudar isso. Os cientistas conseguiram multiplicar as células-tronco em laboratório. Dez pacientes com tipo de leucemia muito agressiva entre 3 e 43 anos de idade receberam os transplantes, sete estão curados. Os efeitos apareceram muito mais rápido.

“É muito importante essa possibilidade, visto que diminui a internação, as chances de o paciente desenvolver complicações graves”, argumenta Bouzas.

No laboratório do Inca, os pesquisadores avançam na mesma linha de pesquisa, buscando a multiplicação das células. O Inca tem o primeiro banco público de sangue de cordão do Brasil e foi montado nos moldes do de Seattle.

A aposta na tecnologia da expansão celular é tão grande que já faz oito anos que os centros do mundo inteiro estão estocando em duas bolsas separadas. Uma para ser administrada direto no paciente. A outra é para quando a tecnologia estiver disponível para todo mundo, é dela que vai sair o sangue que vai ser reproduzido e depois ser aplicado no paciente.

Há pouco tempo ainda se duvidava da eficiência dos bancos de sangue de cordão ou das terapias com células-tronco. O biólogo da UFRJ Radovan Borojevic espera para breve a liberação, para uso em pacientes com doença cardíaca grave, de uma técnica que ele provou funcionar com células de medula. Em 2000, o senhor Nelson Águia via sua história chegando ao fim.

“Teve um determinado momento que um profissional falou que seu pai não vai ter três meses de vida”, lembra Nelson. Ele foi o primeiro brasileiro a tirar células-tronco da medula que depois foram injetadas no coração doente. Poucos meses depois, ele já subia escada. Em 2004, Nelson jogava futebol e, essa semana, o encontramos de novo, cheio de vigor, fazendo uma caminhada de quatro quilômetros.

“Cada dia que passa, eu torço mais que outras especialidades entrem também na pesquisa de células-tronco”, diz Nelson. Mas isso já acontece em fase experimental de pesquisa no mundo inteiro, para combater mal de Parkison, regenerar o fígado, tratar diabetes. Só é preciso tempo.

“Um paciente que é um paciente em estado grave que todo dia acorda e não sabe se ele vai chegar até dormir a noite ainda vivo, para ele, um dia é muito tempo. Então ele quer uma terapia o mais rapidamente possível”, diz Radovan.

Medicina

Entenda o que é o “mal do movimento”
Você vai ver uma reportagem pedida por telespectadores que costumam sentir enjoos e tonturas em viagens longas. Nós fomos ouvir os médicos e eles explicam que esse problema tem origem no ouvido.

Viviane Novaes Juiz de Fora, MG



A paisagem está sempre em mudança e ainda tem as curvas e o sacolejo do carro.

Pegar a estrada é um sufoco para Ana Clara e Davi. Os irmãos sofrem do “mal do movimento”.

Dona Marília não pode ler dentro do carro durante a viagem.

“Seu eu começo a ler eu começo ficar enjoada. Eu adoro ler, mas não leio por causa disso”, afirmou a professora Marília de Assis.

A explicação está no ouvido, no órgão chamado labirinto. Por dentro, tem um líquido e cílios que se mexem de acordo com o movimento da cabeça, principalmente do globo ocular.

São os cílios que proporcionam equilíbrio.

Nas pessoas mais sensíveis, a movimentação brusca durante uma viagem provoca efeitos desagradáveis.

“Os sintomas são: sudorese, palidez, vômito e tonteiras”, explicou o médico Evandro Robeiro

É mais comum em crianças, porque o labirinto e o sistema nervoso central são imaturos.

Para o motorista mais difícil sentir enjôo.

Segundo especialistas, como ele está concentrado, geralmente olhando para frente, o cérebro
entende melhor os movimentos do veículo.

O problema é para os passageiros que estão no banco de trás.

É na parte traseira que o carro balança mais.

Por isso, prefira viajar no banco da frente e olhe para o horizonte.

Nas viagens de ônibus, avião e navio sente-se no meio.

Meia hora antes tome remédio para evitar enjoo.

Não fique sem se alimentar e prefira comida sem gordura e de fácil digestão.

Há quem não abra mão de uns truques e superstições. Isso a
medicina não explica.

O importante é garantir a diversão antes de chegar ao destino da viagem

Economia:

Economia chinesa supera expectativas
O percentual de 8,7% foi resultado das medidas para conter a crise mundial: um pacote de estímulo de quase US$ 600 bilhões que incluiu investimentos em obras de infraestrutura e transporte


O governo da China divulgou, nesta quinta-feira (21), um balanço do crescimento da economia deles em 2009. E mesmo com a crise mundial, foi um resultado impressionante.

Os números superaram as expectativas mais otimistas, mesmo as do governo chinês, que esperava um crescimento de 8% em 2009. O percentual foi de 8,7%. Foi resultado das medidas para conter a crise mundial: um pacote de estímulo de quase US$ 600 bilhões que incluiu investimentos em obras de infraestrutura, transportes e construção de casas.

Também houve incentivo para os bancos emprestarem dinheiro. No último trimestre do ano passado, o país cresceu de forma ainda mais acelerada: 10,7%. O maior crescimento trimestral em dois anos.

Nesse ritmo, a China está ainda mais perto de passar o Japão como a segunda maior economia do mundo. Mas os chineses estão preocupados. Economistas e investidores preveem que o governo deve botar o pé no freio para que a economia não saia dos trilhos.

A rápida expansão econômica está criando bolhas no mercado de ações e de imóveis e ameaça fazer os preços ao consumidor dispararem. O diretor do departamento de estatísticas reconheceu: "Nós temos que manter o crescimento e controlar a inflação ao mesmo tempo. E isso vai ser um desafio considerável".

O governo já adotou algumas medidas para conter o crédito. Os investidores temem que, com números tão impressionantes, o aperto seja ainda maior.

Medicina:

Técnica inglesa revoluciona prevenção do Alzheimer
O reagente pode ser pingado nos olhos como um colírio ou ser aplicado por meio de injeção. Ao atingir a retina, assinala com um pontinho as células mortas. Mais de 20 pontos é sinal de Alzheimer.


Da Grã-Bretanha, chega a notícia de um avanço importantíssimo para a medicina. Uma revolução na prevenção o Mal de Alzheimer. Quem conta é o correspondente Marcos Losekann.

A nova técnica permite enxergar o futuro do cérebro. Saber, através dos olhos, se o cérebro vai ser vítima do Mal de Alzeheimer, a morte acelerada e prematura de células cerebrais. Doença degenerativa que provoca demência e que atinge cerca de 30 milhões de pessoas em todo o planeta, a maioria com mais de 65 anos de idade.

O Mal de Alzheimer pode ser amenizado com medicamentos. Depende de quando a doença é descoberta. Quanto mais cedo, melhor. É por isso que essa técnica desenvolvida em Londres vem sendo considerada revolucionária. Permite um diagnóstico, com até duas décadas de antecedência e num simples exame de olhos.

O reagente desenvolvido pelos cientistas britânicos pode ser pingado nos olhos como um colírio ou ser aplicado por meio de uma injeção. O alvo dos pesquisadores foi a retina, que eles consideram uma extensão do cérebro.

Ao atingir a retina, a substância assinala as células mortas, que são detectadas por uma câmera com raios infravermelhos. Cada pontinho é uma célula morta, mais de 20 pontos, sinal de Alzheimer.

A cientista que coordenou a pesquisa diz que a grande vantagem é poder começar o tratamento logo, não só pra desacelerar o envelhecimento e a morte de células, mas principalmente para regenerá-las.

A técnica foi um sucesso com ratos de laboratório e agora começa a ser testada também em pessoas. Os cientistas acreditam que dentro de dois anos qualquer oculista vai poder fazer esse tipo de exame.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ciência e Tecnologia:

A conservação é desenvolvimento
As preocupações ambientais hoje estão todas mobilizadas pelo aquecimento global. Mas a degradação climática do mundo é apenas um dos sintomas de um desequilíbrio mais profundo, que também se mostra na taxa acelerada de extinção de espécies e no risco de desaparecimento de ecossistemas saudáveis, afirma o argelino Ahmed Djoghlaf, secretário executivo da Convenção de Biodiversidade da ONU. A organização negocia um acordo global para pagar populações que preservam lugares com riqueza biológica, como florestas ou áreas costeiras. Em entrevista a ÉPOCA, ele diz por que acredita que um acordo será fechado na próxima reunião, em outubro, em Nagoya, no Japão. E por que a ONU declarou 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade.

ÉPOCA – Hoje, nosso pensamento ambiental é conduzido pelas preocupações com as mudanças climáticas. Por que deveríamos nos importar também com a perda da biodiversidade?
Ahmed Djoghlaf – As mudanças climáticas são apenas o sintoma de um problema mais sério: a degradação ambiental do planeta. Os ecossistemas, como as florestas, o mar ou os pântanos, ajudam a manter a saúde do planeta como um todo. As florestas ajudam a tirar do ar o excesso de gás carbônico, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. As algas do oceano absorvem um terço do carbono. A destruição desses sistemas afeta a capacidade da Terra de equilibrar a atmosfera. Além disso, os ecossistemas também são vítimas das mudanças climáticas. Um terço dos 193 países que fazem parte da Convenção reporta o desaparecimento de espécies animais ou vegetais provocado por alterações no clima. Precisamos mudar nossa relação com a natureza.


ÉPOCA – Se for apenas uma questão de recuperar a absorção de carbono das florestas, não seria melhor plantar eucaliptos, que crescem mais rápido?
Djoghlaf – Essas florestas plantadas têm um papel importante para equilibrar o clima. Mas só a floresta original consegue exercer funções essenciais como manter o ciclo da água. Algumas experiências de substituição da floresta nativa por árvores exóticas resultaram na redução da água nas nascentes. E cerca de 80% das espécies do mundo estão nas florestas tropicais. É nossa obrigação protegê-las. Guardam conhecimentos genéticos inestimáveis. Até hoje, só catalogamos 2 milhões dessas espécies. Estima-se que existam várias vezes mais, ainda desconhecidas, com potencial que não podemos desperdiçar para gerar novos remédios, alimentos ou cosméticos.


ÉPOCA – Só nos importamos com as mudanças climáticas porque podem afetar nosso estilo de vida. Em que medida o desaparecimento dessas espécies atinge um cidadão moderno urbano?
Djoghlaf – Aparentemente, esses ecossistemas estão distantes de nós. Mas é uma ilusão. Em algum momento, a destruição desses sistemas começa a afetar nossa capacidade de produzir água, alimentos ou equilibrar o clima.


ÉPOCA – Por enquanto, manter uma floresta tropical rica é um custo para países como o Brasil. Quando teremos algum benefício com isso?
Djoghlaf – Nosso desafio é criar mecanismos de transferência de riqueza para as pessoas que moram nesses lugares, de forma justa. Hoje, as indústrias desenvolvem remédios a partir da biodiversidade e não têm obrigação de partilhar o lucro com as comunidades que preservam aquele ecossistema. Em Nagoya, deveremos criar um sistema para dividir parte dos dividendos com a biodiversidade. Pode ser que isso caminhe para um mecanismo como o de créditos de carbono, em que países ou empresas compram títulos de quem reduziu as emissões. O instrumento conhecido como Redd, que permite aos países desenvolvidos pagar a nações ricas em florestas que diminuíram o desmatamento, também é uma forma de remunerar a preservação da biodiversidade.


ÉPOCA – Essas negociações começaram em 1992, no Rio. Por que demoram tanto tempo?
Djoghlaf – O conceito de desenvolvimento sustentável é muito novo. Imagine colocar 193 países de acordo com formas justas de dividir os benefícios de algo partilhado por vários deles. Implica uma nova ordem econômica. Estamos caminhando no ritmo certo. A negociação sobre diversidade começou no Rio, em 1992. Em Johannesburgo, em 2002, os chefes de Estado reunidos concordaram em criar um regime internacional para partilhar os benefícios da biodiversidade. Na reunião de Curitiba, em 2006, os 4 mil participantes aceitaram fechar o acordo até 2010. Estamos confiantes que teremos um acordo pronto até outubro.


"A preservação de áreas costeiras no caribe
rendeu peixes maiores para os pescadores locais"


ÉPOCA – Esse mesmo tipo de negociação não foi capaz de produzir um acordo sobre o clima, em Copenhague, apesar de haver uma pressão popular muito maior. Como o senhor pode estar tão confiante?
Djoghlaf – As mudanças climáticas são um tema que gera conflitos de interesses. Você tem países produtores de pretróleo, outros ricos em carvão mineral. Também pequenas ilhas que podem desaparecer. E no meio disso grandes economias que precisam mudar a produção de energia. Ou outros países que podem vender soluções tecnológicas. É muito difícil construir um consenso. Por outro lado, em relação à biodiversidade, não conheço nenhum Estado que seja contra criar meios para preservá-la. A discordância existe apenas em relação aos prazos ou mecanismos para conseguir isso. Além disso, não diria que Copenhague foi improdutivo. O Protocolo de Kyoto só expirará em 2012. A intenção de fechar o acordo em 2009 era boa, mas alguns países, como os Estados Unidos, ainda não estão prontos, porque dependem da aprovação de leis do clima no Congresso. Estou certo de que teremos um acordo geral na próxima conferência do clima, em dezembro, no México. E depois poderemos fechar os detalhes até 2012. Você também precisa considerar que, pela primeira vez na história, mais de 120 chefes de Estado se reuniram para discutir o clima. Alguns deles, como o presidente Lula, ficaram até as 2 horas da madrugada tentando fechar um acordo pessoalmente. Isso é muito especial. Em 1999, tivemos milhares de manifestantes protestando contra os acordos de globalização em Seattle, na conferência da Organização Mundial do Comércio. Agora é o contrário. Em Copenhague, foram 100 mil manifestantes a favor de um acordo. Os políticos agora sabem que, se a negociação não for bem-sucedida até 2012, eles serão punidos pelos eleitores em seus países.


ÉPOCA – Os produtores rurais brasileiros afirmam que, se o país criar mais áreas protegidas, vai faltar terra para produzir alimentos. Eles têm razão?
Djoghlaf – É uma visão antiga de conservação. Hoje, o consenso é de criação de áreas para o uso sustentável humano. Protegemos as áreas não por causa da beleza das zebras ou dos elefantes, mas para garantir o sustento das pessoas. O ecoturismo é uma fonte de renda crescente para várias populações em áreas preservadas no mundo. Experiências no Caribe mostram que a conservação de trechos do litoral aumenta o retorno da pesca que sustenta as comunidades ali. Os corais e mangues conservados passam a produzir peixes maiores e maior diversidade de espécies de valor comercial. A conservação é uma estratégia de desenvolvimento.
Petrobras inaugura termelétrica que vai gerar energia a partir de etanol



A Usina Termelétrica Juiz de Fora será a primeira do mundo a gerar energia elétrica a partir do etanol, a primeira a usar combustível renovável para geração de energia e a primeira unidade bicombustível. Uma solenidade realizada (19/01) na cidade mineira, promovida pela Petrobras, marca a mudança.

A unidade está operando, em fase de testes com etanol desde o último dia 31 de dezembro, e terá capacidade instalada de 87 megawatts. A solenidade contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.

O projeto da UTE foi desenvolvido em parceria com a multinacional GE - General Electric. “Vamos rodar três meses com etanol, medindo as emissões. Estamos com uma expectativa bastante grande em relação ao desempenho e às emissões dentro dos níveis-padrão”, disse a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster.

Segundo ela, se os resultados forem positivos, surgirão oportunidades de negócios para uso em outros países, como o Japão, que têm turbinas semelhantes. 'O Brasil será o primeiro país do mundo a produzir energia a partir de etanol', observou a diretora, explicando que a turbina a ser utilizada terá capacidade para gerar 45 megawatts e foi adaptada pela GE para operar tanto com gás quanto com etanol.

Joaquim Nabuco: herói nacional, para sempre
9 de janeiro de 2010



Num domingo, dia 13, a princesa Isabel desceu a serra. Vinha de Petrópolis e ia para um lugar de honra na história. Com os olhinhos azuis iguais aos do pai, contemplou a multidão tomada de enorme comoção que estava na frente do palácio imperial, no centro do Rio. Usava um vestido de seda marfim, enfeitado com rendas francesas, e assinou com mão firme as palavras de explosiva simplicidade escritas no documento à sua frente: "É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil".

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Para quem olha o passado com displicência retroativa, a história termina aí: transformações econômicas e políticas empurraram um regime falido a aceitar a libertação da massa vilmente explorada, com a participação de um ou outro representante da elite esclarecida. Mas afastemos um pouquinho a cortina alegórica que cerca o 13 de maio de 1888. Assinada a lei, Isabel voltou-se para o homem alto e elegante que estava a seu lado naquele momento emocionante. "Estamos reconciliados?", perguntou. Como perfeito cavalheiro que era, Joaquim Nabuco acedeu e beijou a mão da princesa. Depois assomou à janela, para saborear o momento de glória e a adulação da massa. Aquele dia era dele, mais do que de qualquer um.

Não existe a mínima prova histórica, ainda mais no caso de uma princesa carola e apaixonada pelo marido, mas não é impossível imaginar pelo menos uma pontinha de flerte na pergunta de Isabel. As mulheres não resistiam a Nabuco. Aliás, os homens também não. No campo das ideias e da camaradagem viril, evidentemente. Joaquim Nabuco, que ressurge das brumas históricas ainda que fugazmente, em virtude do centenário de sua morte, neste dia 17, foi um personagem tão monumental que tudo em torno de sua extraordinária vida parece ser exagerado. Desvendada, a névoa do mito se revela, no entanto, tecida de verdade.

Candidato a maior estadista da história nacional, embora no papel nunca tenha sido mais do que um simples deputado, Nabuco tem um título incontestável: foi o mais importante, o mais eloquente e o mais popular dos abolicionistas. Protagonizou o movimento pelo abolicionismo e, ao mesmo tempo, refletiu sobre a história que se desenrolava à sua volta, captando com a força de um intelecto preciso como laser a importância orgânica da escravidão na sociedade brasileira. No processo, como definiu o grande historiador Evaldo Cabral de Mello, escreveu "a mais brilhante análise do papel desempenhado pela escravidão na formação social e política do Brasil".

À luz da história no que tem de mais estéril - a entediante versão mil vezes repetida do 13 de maio e seus antecedentes -, é difícil reproduzir a força avassaladora que o movimento contra a escravidão despertou em todo o país. O que o Brasil teve de pior - o comércio, a servidão, a exploração e a indizível violência mil vezes cometida contra seres humanos - gerou o que o Brasil de melhor conseguiu oferecer, sob a forma da luta abolicionista. Foi uma história de homens tomados de paixão por uma causa justa e, entre eles, nenhum mais apaixonado do que o jovem pernambucano de família ilustre, pai, avô e bisavô senadores do Império, com muito berço e quase nenhum dinheiro, que se tornou o que de mais parecido poderia existir no século XIX com uma celebridade ao estilo contemporâneo, aclamado, paparicado e adorado.

Nabuco pensava como um gigante histórico, polemizava como um estivador e jogava para a plateia como um ídolo pop. Travada, em grande parte, no centro da vida intelectual da época - os teatros -, a campanha abolicionista forneceu o palco ideal a um Nabuco simultaneamente confiante, arrojado, pedante, metido. Ou, na definição da cientista social Angela Alonso, autora da ótima biografia Joaquim Nabuco (Companhia das Letras), um "enamorado de si mesmo", impelido ao fulcro do cenário nacional tanto pelo imperativo moral quanto pelo desejo de aplausos e aprovação - que artista não se identificaria com ele?

Entre os muitos palcos, nenhum foi mais consagrador do que o do Teatro de Santa Isabel, no Recife natal, onde as mulheres faziam fila nos camarotes especiais, suspiravam, lançavam pétalas de rosas e lencinhos com seu rosto pintado. No ápice da campanha e da popularidade, também se tornou marca de cigarros (Nabuquistas e Príncipes da Liberdade), de cerveja (Salvator Bier) e até de um modelo de chapéu (O Abolicionista, com um retrato dele). Pois, ainda por cima, o herói da causa era bonito. "Branco alvíssimo", numa descrição da época, media 1,86 metro e tinha olhos de mormaço, como a Capitu que ainda haveria de nascer da cabeça de seu amigo Machado de Assis.

O "efeito Avatar" chega à TV
Depois do cinema, que achou ouro com a superprodução de James Cameron, a televisão – dos fabricantes de aparelhos à Rede Globo – também se rende ao 3D

Marcelo Marthe

Montagem com fotos de Ethan Miller/Getty Images e Amy Sancetta/AP

JOGADA TRIDIMENSIONAL
Montagem com aparelhos de TV e Blu-ray que a Samsung acaba de lançar em Las Vegas: da sala de cinema para a sala de estar


Nos últimos três anos, os estúdios de cinema voltaram a explorar, com sucesso, a tecnologia 3D. Filmes como A Lenda de Beowulf e Viagem ao Centro da Terra prepararam terreno para o sucesso extraordinário do recém-lançado Avatar, que, em apenas vinte dias de exibição, se tornou a segunda maior bilheteria da história do cinema (veja reportagem). A acolhida à produção de James Cameron tirou de cena as últimas dúvidas quanto ao desejo de um grande número de pessoas de tomar parte na experiência de imersão em um cenário inventado que o 3D proporciona. Espera-se que neste ano Hollywood produza mais de duas dezenas de filmes desse tipo. Mas, em 2010, o "efeito Avatar" já não vai ficar restrito às salas de projeção. Na semana passada, marcas como Sony, Samsung e LG exibiram novas linhas de televisores dotados de tecnologia que permite ver atrações com imagens tridimensionais. Vários fabricantes também apresentaram ao mercado equipamentos de reprodução de discos Blu-ray em 3D. A maioria dos lançamentos só deverá estar disponível para os consumidores no segundo semestre, quando se espera que seja definido um padrão mundial para a tecnologia. Mas alguns canais de TV se anteciparam. A ESPN, braço da Disney para transmissões esportivas, anunciou a inauguração de um canal 3D nos Estados Unidos em junho. O Discovery, a Sony e a IMAX – potência dessa tecnologia nas salas de cinema – vão se unir para iniciativa semelhante. Idem para a DirecTV americana. E, no Brasil, a Globo já faz gravações experimentais de programas em 3D.

Espera-se que a Copa do Mundo de futebol da África do Sul, que se inicia em junho, ajude a impulsionar as vendas dos televisores 3D. A Fifa firmou parcerias com a Sony, que fará captação de imagens da Copa nesse formato, e com a ESPN. A Copa do Mundo já demonstrou seu poder de disseminar as inovações tecnológicas da televisão. A edição anterior impulsionou a comercialização de aparelhos de plasma e LCD. Por isso mesmo, popularizar o 3D vai requerer algum esforço. Será preciso convencer consumidores que acabaram de adquirir equipamentos novos a fazer uma nova troca – e gastar um bom dinheiro. Nos Estados Unidos, televisores 3D terão preços salgados, acima de 2 000 dólares. Há ainda a necessidade de adaptação dos hábitos. Assim como ocorre no cinema, o espectador terá de usar óculos especiais – um incômodo e tanto para quem quer só acionar o controle remoto e relaxar no sofá. Alguns modelos custam caro – até 100 dólares. Deve-se cuidar para não sujá-los com a manteiga da pipoca.

Divulgação
COMO NOSSOS OLHOS
Para produzir as imagens em 3D, os programas de TV terão de ser captados por uma câmera com duas lentes colocadas a pequena distância – imitando a visão humana. Isso torna as gravações mais complicadas: nos testes realizados pela Globo, cada câmera teve de ser manejada por três profissionais, em vez de por apenas uma pessoa



Entre os fabricantes, a invenção de uma televisão 3D que dispense os óculos é uma espécie de busca do Santo Graal. Há dificuldades enormes para isso. O efeito 3D é uma reprodução técnica do modo natural como os olhos humanos captam as imagens no espaço. O olho direito e o esquerdo registram imagens da mesma cena por ângulos ligeiramente distintos – e o processamento delas no cérebro é que nos dá a noção de volume e profundidade. No cinema ou na TV, as imagens em 3D são captadas por câmeras com duas lentes colocadas a pequena distância uma da outra, como nos olhos humanos. A função dos óculos é fazer com que essas imagens sejam fundidas. As tentativas de produzir uma tela de TV que já exiba as imagens em 3D não vingaram até agora porque esse sistema requer que o espectador se sente numa posição fixa diante do aparelho – sob o risco de ver imagens embaralhadas. Em 2006, a holandesa Philips chegou a lançar um televisor 3D assim, para uso de grandes empresas – que compreensivelmente não encontrou demanda e teve sua produção encerrada.


No lado das emissoras, também há desafios a ser vencidos. O avanço da tecnologia permitiu o surgimento de câmeras 3D menores, mais precisas e mais fáceis de trabalhar do que as versões primitivas, que tinham dimensões de uma máquina de lavar. Ainda assim, gravar programas nesse formato continua a ser uma operação complicada. "São necessários três profissionais para cada câmera: um operador, outro incumbido de ajustar as lentes e um terceiro para monitorar o processo todo", diz José Dias, um dos responsáveis pelo setor de engenharia da Globo. A emissora gravou trinta minutos do Carnaval do ano passado em 3D, apenas a título de teste. Mais recentemente, também registrou assim – outra vez, só para consumo interno – várias cenas da novela Viver a Vida. Em fevereiro, deverá gravar em 3D dois dias de desfiles do Carnaval carioca – e, pela primeira vez, existe a possibilidade de que essas imagens sejam levadas de fato ao ar, apenas em transmissões por assinatura. Nos próximos anos, o 3D deve ser utilizado sobretudo para assistir a filmes em Blu-ray. A transmissão tridimensional em sinal aberto deve demorar bem mais para entrar na rotina do espectador.

Steve Marcus/Reuters

MAL NECESSÁRIO
Os óculos especiais para assistir às novas televisões 3D: assim como no cinema, eles são indispensáveis para criar a ilusão tridimensional. Sua função é fundir as imagens – de forma que cada olho veja a cena por um ângulo ligeiramente diferente, ao mesmo tempo
Trágico, absurdo, previsível
Na virada do ano, os temporais de verão voltam a destruir e matar. Angra dos Reis, a cidade mais atingida, é a síntese de um drama brasileiro que tem como protagonistas o descaso das autoriTodos os anos, chuvas de verão derrubam pontes, fecham estradas, deixam milhares de brasileiros desabrigados, matam. Em seguida, autoridades partem em romaria para os locais afetados, fazem discursos compadecidos e prometem verbas ou obras emergenciais, como se tivessem sido colhidas de surpresa pela catástrofe. Desta vez, 126 pessoas morreram no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, os estados mais atingidos. O número de desabrigados passa de 3 000, e 39 municípios decretaram estado de emergência ou calamidade pública. Entre eles, Angra dos Reis é o caso mais dramático e, também, o retrato mais preciso do conjunto de fatores que desencadeia esse tipo de tragédia. Ali, morreram 52 pessoas, na virada do ano, vítimas de deslizamentos de encostas. Tudo era previsível. Na bela região em torno da Baía de Angra, com suas 365 ilhas e mais de 2 000 praias, chove quase o dobro da média do Rio de Janeiro, e a instabilidade das encostas é conhecida. Em 2002, 39 pessoas morreram em Angra num deslizamento com características semelhantes às de agora. Apesar disso, nunca foi feito um mapa geológico para verificar quais terrenos são impróprios para construção. A ocupação do solo é regida por regras municipais, estaduais e federais que se sobrepõem, e ninguém as cumpre. Como se não bastasse, existe um impressionante histórico de corrupção nos órgãos responsáveis pela fiscalização em Angra.

É verdade que, do começo de dezembro até a primeira semana de janeiro, caiu o dobro de água do que se esperava. Foi o maior índice em dez anos. Só nos dois últimos dias de 2009, desabaram sobre Angra 220 bilhões de litros de água, o suficiente para encher 116 000 piscinas olímpicas. Mas não é essa a principal explicação para o que aconteceu na cidade, que experimentou um vertiginoso crescimento populacional a partir dos anos 1970. A construção da Rodovia Rio-Santos aumentou o fluxo de turistas, e grandes obras, como a usina nuclear de Angra 1, levaram multidões de trabalhadores à região. A população do município, que era de 40 000 habitantes na década de 70, dobrou em 1990 e triplicou em 2000, quando 5,5% já moravam em favelas. É um crescimento de quase três vezes a média brasileira no período. E num local onde o problema de espaço é crônico. Espremida entre a serra e o mar, a cidade não tem para onde crescer. Casas e casebres foram se aglomerando no pé dos morros e, quando não havia espaço, em cima deles. Hoje, 60% dos moradores vivem em áreas de encosta. E as características do relevo da região tornam tudo mais perigoso (veja o quadro).

Ana Branco/Ag. O Globo

ESPANTADO, GOVERNADOR?
Sérgio Cabral no Morro da Carioca,
onde morreram 21 pessoas:
providências atrasadas

Na Enseada do Bananal, na Ilha Grande, morreram 31 pessoas soterradas. Elas estavam na pousada Sankay e em cinco outras residências engolidas por uma avalanche na madrugada do dia 1º. A pousada tinha licença de funcionamento da prefeitura, mas não a licença ambiental do estado. Mesmo se tivesse, o risco de deslizamento da encosta não teria sido analisado. As casas atingidas no Morro da Carioca, no centro de Angra, onde morreram 21 pessoas, tampouco tinham licença. Antes da tragédia, porém, a prefeitura dispunha de um programa para levar saneamento e iluminação pública para aquela área, como se não houvesse um grave problema de segurança. Em Angra sempre foi mais fácil construir e depois conseguir licença, fosse por acordo, fosse simplesmente comprando uma autorização. Entre 2006 e 2007, 44 funcionários da prefeitura de Angra, do governo estadual e do Ibama foram presos por vender pareceres técnicos favoráveis às construções. A situação chegou a tal ponto que, em junho do ano passado, o governador Sérgio Cabral assinou um decreto autorizando retroativamente a construção em áreas que antes não eram edificáveis na zona de proteção ambiental, como se legalizar o que foi feito na marra fosse solução. Cabral, aliás, não visitou a região imediatamente, como era seu dever.

A tragédia expôs os problemas de um dos destinos mais visitados do país. Angra recebe 1,2 milhão de turistas por ano. Durante o verão, 3 milhões de reais diários entram na economia local, graças ao turismo. De Tom Cruise a Madonna, as celebridades internacionais também costumam bater ponto por lá. Cerca de 100 000 estrangeiros passam anualmente pela cidade. No réveillon, Pierre Sarkozy, filho mais velho do presidente da França, estava entre os hóspedes da Ilha dos Porcos Grande, do cirurgião plástico Ivo Pitanguy. A chuva causou dois deslizamentos de terra, que abriram um gigantesco clarão na propriedade. "Em quarenta anos na ilha, nunca vimos nada parecido", diz Helcius Pitanguy, filho do cirurgião.

Não é a chuva que mata, mas o descaso. E ele é nacional. Dos 645 milhões de reais previstos no Orçamento da União em 2009 para ações de prevenção de desastres, apenas 135 milhões foram utilizados. Para o Rio de Janeiro estavam previstos 160 milhões de reais, mas foi empregado menos de 1% do total. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pela manutenção da estrada Rio-Santos, estava licitando no ano passado obras para contenção de onze pontos críticos da rodovia, que vive interrompida por queda de barreiras. Com as chuvas, caíram 34 pontos. Como se não bastasse a pífia execução do Orçamento, gasta-se mal. Em 2009, o país destinou dez vezes mais em ações de resposta a desastres do que em programas de prevenção. No mundo civilizado, são tomadas providências para que a população viva segura em locais onde as condições naturais são adversas. Resta saber até quando o Brasil vai preferir pagar a conta dos desastres anuais. Este último já custa, por baixo, 1,2 bilhão de reais.

Com reportagem de Ronaldo Soares e Silvia Rogar




Não foi o rio que derrubou a ponte
Jefferson Bernades/AFP




No último dia 5, parte de uma ponte de 314 metros sobre o Rio Jacuí, a 240 quilômetros de Porto Alegre, despencou. Entre vinte e trinta pessoas estavam sobre a estrutura de 132 metros que desabou. Três delas morreram. Outras duas ainda estavam desaparecidas na noite da sexta-feira. O governo gaúcho atribui o desastre à elevação das águas do Jacuí. Por essa versão, o rio subiu até a pista, que se partiu. Os sobreviventes dão outro testemunho. "As águas estavam 5 metros abaixo do concreto", diz o aposentado Élio Prade, de 57 anos. Erguida há 47 anos, a ponte já apresentara falhas de engenharia. Nos anos 70, seu vão central afundou, formando um enorme degrau. Seus alicerces não eram vistoriados havia três anos, e, dois anos atrás, os promotores estaduais começaram a apurar a negligência na manutenção da rodovia da qual ela faz parte.

Igor Paulin, do Rio Grande do Sul

dades e a falta de infraestrutura
Na noite de 31 de dezembro, quando moradores da pequena São Luiz do Paraitinga, no interior de São Paulo, comemoravam o réveillon na praça principal, a garoa começou. Durante a madrugada, virou chuva grossa e, no início da tarde do dia 1º, o rio que corta o município, o Paraitinga, já transbordava. "Ele subia 50 centímetros a cada meia hora", lembra a prefeita Ana Lúcia Bilard Sicherle. Na madrugada do dia 2, com dezenas de casas submersas, a luz da cidade teve de ser desligada para que os botes de resgate pudessem circular com menos risco. A essa altura, o Paraitinga estava quase 10 metros acima do nível normal e, nas ruas, a enchente invadia até o 2º andar dos sobrados. Foi só no começo da tarde do dia 2, quando as águas finalmente começaram a baixar, que os 10 000 moradores de São Luiz do Paraitinga puderam ver toda a extensão da tragédia. O centro histórico, na parte mais baixa da cidade, parecia ter sido alvo de um bombardeio. Dezenas de casarões coloniais – construções de pau a pique e taipa do auge do período cafeeiro – foram ao chão. Estima-se que 25% do centro histórico tenha sido destruído. A Igreja Matriz de São Luiz de Tolosa desapareceu da paisagem. Mais de 2 000 moradores, um terço da população urbana, tiveram suas casas destruídas ou interditadas.

Na semana passada, cinco dias depois do temporal, São Luiz ainda era só escombros. Bujões de gás podiam ser vistos em cima de telhados e carros se equilibravam por sobre os pedaços que haviam restado da igreja matriz, onde quase todo mundo na cidade se casou ou foi batizado. Praticamente só o que restou de São Luiz foram 1 000 toneladas de entulhos, que um vaivém de caminhões agora tenta recolher. A Igreja do Rosário, na parte alta do município, foi transformada em quartel-general, no qual centenas de pessoas, coordenadas por voluntários ao microfone, distribuem leite e alimentos aos desabrigados.

Além da agropecuária, São Luiz do Paraitinga tinha no turismo uma de suas principais fontes de renda. A cidade era dona de um dos maiores conjuntos arquitetônicos tombados do Estado – mais de 400 de suas construções eram consideradas patrimônio histórico. Só no Carnaval, o lugar recebia 200 000 turistas, atraídos pelo charme de suas casinhas coloridas, suas ladeiras e bandas de música especializadas em marchinhas antigas. Apenas daqui a noventa dias se saberá quanto tempo e dinheiro serão necessários para reerguer o que a chuva destruiu. Sem praça, sem banda de música, e com tantos motivos para tristeza, São Luiz terá neste ano o seu Carnaval mais silencioso

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Predadores da floresta
O MST descobriu na selva um instrumento bem curioso para "promover a reforma agrária" no país: a motosserra. Com ela, os sem-terra estão devastando a Amazônia
- A A +Otávio Cabral
Revista Veja – 13/01/2010
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está em acelerado processo de mutação. Foi-se o tempo em que seus militantes tentavam dissimular as ações criminosas do grupo invocando a causa da reforma agrária. Há muito isso não acontece mais. Como uma praga, o MST ataca, destrói, saqueia - e seus alvos, agora, não são mais apenas os chamados latifúndios improdutivos.

Os sem-terra têm se especializado também em invadir fazendas no coração da Floresta Amazônica. As terras da região são de difícil manejo para a agricultura, mas isso pouco importa. Nelas pode-se encontrar em abundância algo bem mais valioso: a madeira. Hoje, existem cerca de 1 000 propriedades rurais invadidas apenas no estado do Pará. Metade delas foi devastada para a retirada ilegal de árvores nobres, como ipê, jatobá e cedro, que atingem altas cotações no mercado. As fazendas localizadas na Amazônia são obrigadas por lei a preservar 80% de suas áreas de floresta. Isso significa que as propriedades rurais guardam um imenso tesouro, e também explica por que o MST substituiu a foice pela motosserra.

O caso mais emblemático da nova modalidade de banditismo do movimento pode ser observado na Fazenda Santa Marta, em Tailândia, a 240 quilômetros de Belém. A propriedade tem 20 000 hectares, dos quais 16 000 de floresta nativa. Os sem-terra a invadiram e permaneceram lá até novembro do ano passado. Não plantaram um único pé de feijão, mas dizimaram 2 000 hectares da mata. Uma perícia contratada pelos fazendeiros estimou que 100 000 metros cúbicos de madeira nobre foram retirados da reserva, o equivalente ao corte de aproximadamente 25 000 árvores.

No mercado, as toras valem ao todo 40 milhões de reais. "O que os invasores não conseguiram cortar, destruíram. A terra ficou arrasada", afirma Dario Bernardes, o dono da Santa Marta, que obteve a reintegração de posse na Justiça. Como a devastação é lucrativa, o MST e outros movimentos rurais se associaram às madeireiras ilegais. O movimento arregimenta os "sem-terra" entre desempregados e desocupados da região, e as madeireiras cuidam da logística. Depois da invasão, as árvores são derrubadas e cortadas em toras. Caminhões e tratores das madeireiras são enviados para ajudar no transporte. O que sobra é transformado em carvão nos fornos construídos pelos próprios invasores.

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A ação predatória dos sem-terra está documentada em fotos, vídeos e imagens já exibidas ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e ao presidente do Incra, Rolf Hackbart. Mas, como sempre, o governo opta pelo silêncio negligente. "Sou da base governista no Congresso, apoio o presidente Lula e tudo o que ele faz de bom pelo país. Mas não posso contemporizar com o que é ilegal, com essa leniência com o MST", afirma o deputado Giovanni Queiroz, do PDT do Pará, membro da Comissão de Agricultura da Câmara. O conflito entre fazendeiros e predadores da floresta já rendeu situações bizarras, como a do proprietário que recebeu uma multa do Ibama, no valor de 1,5 milhão de reais, por causa da devastação em suas terras, ocupadas havia meses pelos sem-terra. "Eles invadem minhas terras, destroem a floresta, impedem meu trabalho e eu ainda sou multado. É inaceitável", protesta Vitório Guimarães, dono da Fazenda Vitória Régia, em Santana do Araguaia, no sul do estado.

O Pará é a terra prometida dos sem-terra da motosserra. Levantamentos do Incra revelam que os trabalhadores formalmente assentados pelos programas de reforma agrária são responsáveis por índices de destruição da floresta proporcionalmente muito maiores aos de agricultores e pecuaristas da região. No caso dos invasores, a situação é caótica. Eles contam com a conivência e a leniência do governo do estado, que, em vez de reprimir e coibir os crimes ambientais, faz exatamente o contrário. Quando acionada, a governadora Ana Júlia Carepa, do PT, não só impede a ação de sua polícia contra o MST como também ajuda os criminosos, distribuindo lonas e cestas básicas nos acampamentos.

O desrespeito à lei é tamanho que já houve até um pedido de intervenção federal no estado, solicitado pela Confederação Nacional da Agricultura. Em setembro passado, o Tribunal de Justiça do Pará aprovou a intervenção por 21 votos a 1. O processo foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, que pediu informações à governadora antes de julgá-lo. Para evitar a punição que se avizinhava, Ana Júlia determinou que a polícia cumprisse as reintegrações de posse das fazendas invadidas. Diz o desembargador Otávio Marcelino, ouvidor agrário da Justiça do Pará: "Foi necessária a ameaça de intervenção para que se começasse a cumprir a lei e respeitar as decisões da Justiça contra os sem-terra".

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está em acelerado processo de mutação. Foi-se o tempo em que seus militantes tentavam dissimular as ações criminosas do grupo invocando a causa da reforma agrária. Há muito isso não acontece mais. Como uma praga, o MST ataca, destrói, saqueia - e seus alvos, agora, não são mais apenas os chamados latifúndios improdutivos.

Os sem-terra têm se especializado também em invadir fazendas no coração da Floresta Amazônica. As terras da região são de difícil manejo para a agricultura, mas isso pouco importa. Nelas pode-se encontrar em abundância algo bem mais valioso: a madeira. Hoje, existem cerca de 1 000 propriedades rurais invadidas apenas no estado do Pará. Metade delas foi devastada para a retirada ilegal de árvores nobres, como ipê, jatobá e cedro, que atingem altas cotações no mercado. As fazendas localizadas na Amazônia são obrigadas por lei a preservar 80% de suas áreas de floresta. Isso significa que as propriedades rurais guardam um imenso tesouro, e também explica por que o MST substituiu a foice pela motosserra.

O caso mais emblemático da nova modalidade de banditismo do movimento pode ser observado na Fazenda Santa Marta, em Tailândia, a 240 quilômetros de Belém. A propriedade tem 20 000 hectares, dos quais 16 000 de floresta nativa. Os sem-terra a invadiram e permaneceram lá até novembro do ano passado. Não plantaram um único pé de feijão, mas dizimaram 2 000 hectares da mata. Uma perícia contratada pelos fazendeiros estimou que 100 000 metros cúbicos de madeira nobre foram retirados da reserva, o equivalente ao corte de aproximadamente 25 000 árvores.

No mercado, as toras valem ao todo 40 milhões de reais. "O que os invasores não conseguiram cortar, destruíram. A terra ficou arrasada", afirma Dario Bernardes, o dono da Santa Marta, que obteve a reintegração de posse na Justiça. Como a devastação é lucrativa, o MST e outros movimentos rurais se associaram às madeireiras ilegais. O movimento arregimenta os "sem-terra" entre desempregados e desocupados da região, e as madeireiras cuidam da logística. Depois da invasão, as árvores são derrubadas e cortadas em toras. Caminhões e tratores das madeireiras são enviados para ajudar no transporte. O que sobra é transformado em carvão nos fornos construídos pelos próprios invasores.

Antonio Cruz/ABR

CUMPLICIDADE - A leniência de Ana Júlia com o MST quase causou uma intervenção no Pará

A ação predatória dos sem-terra está documentada em fotos, vídeos e imagens já exibidas ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e ao presidente do Incra, Rolf Hackbart. Mas, como sempre, o governo opta pelo silêncio negligente. "Sou da base governista no Congresso, apoio o presidente Lula e tudo o que ele faz de bom pelo país. Mas não posso contemporizar com o que é ilegal, com essa leniência com o MST", afirma o deputado Giovanni Queiroz, do PDT do Pará, membro da Comissão de Agricultura da Câmara. O conflito entre fazendeiros e predadores da floresta já rendeu situações bizarras, como a do proprietário que recebeu uma multa do Ibama, no valor de 1,5 milhão de reais, por causa da devastação em suas terras, ocupadas havia meses pelos sem-terra. "Eles invadem minhas terras, destroem a floresta, impedem meu trabalho e eu ainda sou multado. É inaceitável", protesta Vitório Guimarães, dono da Fazenda Vitória Régia, em Santana do Araguaia, no sul do estado.

O Pará é a terra prometida dos sem-terra da motosserra. Levantamentos do Incra revelam que os trabalhadores formalmente assentados pelos programas de reforma agrária são responsáveis por índices de destruição da floresta proporcionalmente muito maiores aos de agricultores e pecuaristas da região. No caso dos invasores, a situação é caótica. Eles contam com a conivência e a leniência do governo do estado, que, em vez de reprimir e coibir os crimes ambientais, faz exatamente o contrário. Quando acionada, a governadora Ana Júlia Carepa, do PT, não só impede a ação de sua polícia contra o MST como também ajuda os criminosos, distribuindo lonas e cestas básicas nos acampamentos.

O desrespeito à lei é tamanho que já houve até um pedido de intervenção federal no estado, solicitado pela Confederação Nacional da Agricultura. Em setembro passado, o Tribunal de Justiça do Pará aprovou a intervenção por 21 votos a 1. O processo foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, que pediu informações à governadora antes de julgá-lo. Para evitar a punição que se avizinhava, Ana Júlia determinou que a polícia cumprisse as reintegrações de posse das fazendas invadidas. Diz o desembargador Otávio Marcelino, ouvidor agrário da Justiça do Pará: "Foi necessária a ameaça de intervenção para que se começasse

Cura e entretém
Usado com bons resultados em hospitais como fisioterapia para recuperar a
força e o equilíbrio de pacientes, o videogame tem a vantagem de ser divertido

Duas vezes por dia, pela manhã e pela tarde, o aparelho de videogame era instalado no quarto de Lucas Savaris Morcelli, 14 anos, na unidade de terapia intensiva do Hospital Vita, em Curitiba. Durante as sessões de meia hora cada uma, o garoto jogava beisebol ao mesmo tempo em que fazia exercícios sob orientação do fisioterapeuta. Ele precisava sincronizar a respiração com o movimento de rebater a bola virtual. A gameterapia se estendeu pelas duas semanas que Lucas permaneceu na UTI. O adolescente sofre de fibrose cística, doença genética crônica que causa excesso de secreção nos pulmões. O jogo ajudou Lucas a ampliar sua capacidade pulmonar e também lhe fortaleceu os músculos e a autoestima. "Melhorei muito no beisebol. Agora, faço mais de 10 pontos. Meu pai não joga comigo porque sabe que vai perder", diz.

Hoje, uma dezena de pacientes da UTI do hospital paranaense frequenta sessões de gameterapia. Quando surgiram, nos anos 80, os videogames eram acusados de incentivar o sedentarismo. Essa visão sofreu uma reviravolta nos últimos três anos, com o lançamento de jogos equipados com sensores de movimento, que transformam o corpo do jogador em joystick. Como eles transferem os movimentos do jogador para a ação do game na tela, é preciso deixar o sofá para dar raquetadas em bolas de tênis ou chutar bolas virtuais. Por isso o console Wii, da Nintendo, e o jogo Eye Toy do Playstation 2, da Sony, são bons exercícios físicos. A utilização terapêutica desses games começou dois anos atrás no Canadá. Hoje ocorre em pelo menos cinco outros países como complemento na reabilitação de pacientes com sequelas de derrames cerebrais ou vítimas de doenças degenerativas, como Parkinson (veja o quadro).

O pioneiro no Brasil foi o Hospital Vita, em março. A reação dos pacientes foi entusiástica. "Nunca tinha visto pacientes tão afoitos para fazer exercícios", diz Esperidião Elias Aquim, chefe do serviço de fisioterapia do hospital. As primeiras experiências, por sinal, foram realizadas com o console de Wii que o fisioterapeuta trouxe de casa. Depois de dez meses de uso, Aquim não tem dúvida sobre os benefícios da gameterapia para pacientes internados na UTI. Ele descobriu igualmente alguns riscos. "O esforço físico, somado à empolgação dos pacientes, pode fazer a pressão sanguínea subir perigosamente", diz Aquim. Um dos jogos mais usados nos hospitais de todo o mundo é o Wii Fit. Ele tem 48 exercícios, orientados por um treinador virtual, para a tonificação de músculos, atividades aeróbicas, ioga e treinos de equilíbrio. O jogador fica numa pequena plataforma e dirige seu personagem virtual com movimentos do corpo.

No início de dezembro, o Instituto de Reabilitação Lucy Montoro, em São Paulo, começou a testar o Wii na terapia com hemiplégicos, pessoas com os movimentos de um lado do corpo limitados por um derrame. Muitas vezes os problemas para andar decorrem da dificuldade enfrentada pelos pacientes quando é preciso transferir o peso de uma perna para a outra - exatamente o que eles aprendem a fazer sobre a pequena plataforma do jogo. Os resultados no Lucy Montoro têm sido animadores, sobretudo pela capacidade do game de estimular a determinação do paciente. Na fisioterapia tradicional, os hemiplégicos realizam movimentos repetitivos e monótonos com pesos e aparelhos especiais. O videogame não substitui essas técnicas, mas faz com que os exercícios fiquem mais divertidos. Em Israel, o Eye Toy do Playstation 2 está sendo usado como uma espécie de analgésico para vítimas de queimaduras extensas. "Os pacientes ficam de tal forma hipnotizados pelo jogo que a sensação de dor diminui", disse a VEJA o cirurgião plástico Josef Haik, do Sheba Medical Center, próximo a Tel-Aviv. "Como o videogame é um passatempo divertido, os fisioterapeutas conseguem exercitar os pacientes por mais tempo e atingir melhores resultados", completa. Uma vantagem adicional do videogame é que a terapia pode continuar em casa, com a assistência de um fisioterapeuta, depois de o paciente ter alta do hospital

Uma chance de evitar o fim
O câncer que mata o diabo-da-tasmânia surgiu em um só exemplar da espécie, há vinte anos. A descoberta pode ajudar a impedir o desaparecimento iminente desse animal
- A A +Laura Ming
Revista Veja – 13/01/2010
A depredação ambiental causada pela ação humana é responsável pela extinção de muitas espécies animais. No século XX, 68 delas desapareceram, contra 27 no século anterior. Em que pese esse quadro sombrio, há milhões de anos a extinção de espécies é uma rotina na natureza. Um cálculo largamente aceito indica que desapareceram 99,9% dos tipos de animais que já existiram. Algumas vezes, a extinção é causada por um desastre, como o meteoro que acabou com os dinossauros há 65 milhões de anos. Outras, é o resultado inevitável da seleção natural, o mecanismo da evolução. As espécies sofrem mutações aleatórias. Quando essas mudanças dificultam a sobrevivência em seu habitat, elas desaparecem. Raras vezes a ciência tem a chance de testemunhar o desaparecimento gradual de uma espécie por causas naturais – e de tentar evitá-lo. Uma pesquisa divulgada na semana passada pode abrir caminho para uma oportunidade dessas.

Um grupo de pesquisadores australianos e americanos conseguiu decifrar o código genético de um tipo peculiar de câncer que está aniquilando o diabo-da-tasmânia, o maior marsupial carnívoro da atualidade. Do tamanho de um cão, batizado com esse nome por ser feroz e soltar guinchos horríveis, o animal vive apenas na Tasmânia, ilha da costa da Austrália. Desde 1996, quando foi detectado, o câncer já exterminou 60% da espécie – hoje reduzida a 15 000 exemplares. Os primeiros estudos sobre a doença apontavam para a transmissão por vírus, como no caso do HPV, que está associado ao câncer de colo de útero nos humanos. Agora, os cientistas descobriram que o câncer surgiu de uma mutação genética num único exemplar da espécie, há vinte anos.

A mutação ocorreu na célula de Schwann, responsável por proteger os neurônios. A conclusão dos cientistas se baseia na constatação de que os genes dos tumores não provinham dos animais afetados, mas eram idênticos entre si – e, portanto, tiveram a mesma origem. Disse a VEJA a geneticista americana Clare Rebbeck, que fez parte do estudo: "A população de diabos-da-tasmânia é tão reduzida que eles são muito parecidos geneticamente. Por isso, seu sistema imunológico não rejeita a célula de outro indivíduo, o que faz com que o tumor se desenvolva". Os cientistas estimam que em trinta anos o diabo-da-tasmânia esteja extinto. Para que isso não aconteça, animais saudáveis estão sendo isolados em cativeiro.

No momento, outras duas espécies estão ameaçadas de extinção por motivos naturais. O urso panda, que vive nas regiões montanhosas da China, está hoje reduzido a 2 000 exemplares. Embora seu sistema digestivo seja mais apropriado para um carnívoro, o panda se alimenta principalmente de bambu. A teoria mais aceita para esse comportamento é que a mutação genética que levou à alteração nos hábitos alimentares seja recente e o organismo da espécie ainda não esteja inteiramente adaptado. Para piorar a situação, os pandas quase não se reproduzem. A fêmea fica fértil apenas três dias por ano. A outra espécie ameaçada de extinção – ao que tudo indica, por motivos naturais – é a das abelhas comuns. Só nos Estados Unidos, a população do inseto caiu pela metade nos últimos 35 anos. O mesmo tem acontecido em países da Europa. A hipótese mais provável para o sumiço das abelhas é que elas sejam vítimas de uma nova e misteriosa doença. Para os cientistas, assistir às extinções naturais enquanto ocorrem pode ajudar a esclarecer as grandes extinções do passado. Como aquela responsável pelo desaparecimento de 90% da vida marinha e 70% da vida terrestre há 250 milhões de anos. Daí a relevância da pesquisa com o diabo-da-tasmânia.

O ÚLTIMO TIGRE DA CHINA
A imprensa chinesa noticiou no fim de dezembro que um cidadão foi condenado a doze anos de prisão por crime ambiental. Seu delito foi matar a tiros – e comer, em animada companhia de amigos – o que se acredita ser o último exemplar que restava na China do tigre da Indochina. A última vez que se viu essa subespécie de tigre em território chinês foi em 2007. Testemunhas afirmam que o animal morto era o mesmo avistado naquela ocasião. Duas outras subespécies de tigre subsistem na China (uma delas, o tigre do sul da China, com menos de vinte exemplares). O tigre da Indochina está agora restrito a cinco países do Sudeste Asiático. O condenado alega que atirou no animal em legítima defesa, mas admitiu ter feito churrasco do felino. Na medicina chinesa tradicional, persistem crendices como a que atribui poderes terapêuticos a órgãos de certos animais. Os testículos do tigre são recomendados como uma iguaria afrodisíaca.

A depredação ambiental causada pela ação humana é responsável pela extinção de muitas espécies animais. No século XX, 68 delas desapareceram, contra 27 no século anterior. Em que pese esse quadro sombrio, há milhões de anos a extinção de espécies é uma rotina na natureza. Um cálculo largamente aceito indica que desapareceram 99,9% dos tipos de animais que já existiram. Algumas vezes, a extinção é causada por um desastre, como o meteoro que acabou com os dinossauros há 65 milhões de anos. Outras, é o resultado inevitável da seleção natural, o mecanismo da evolução. As espécies sofrem mutações aleatórias. Quando essas mudanças dificultam a sobrevivência em seu habitat, elas desaparecem. Raras vezes a ciência tem a chance de testemunhar o desaparecimento gradual de uma espécie por causas naturais – e de tentar evitá-lo. Uma pesquisa divulgada na semana passada pode abrir caminho para uma oportunidade dessas.

Um grupo de pesquisadores australianos e americanos conseguiu decifrar o código genético de um tipo peculiar de câncer que está aniquilando o diabo-da-tasmânia, o maior marsupial carnívoro da atualidade. Do tamanho de um cão, batizado com esse nome por ser feroz e soltar guinchos horríveis, o animal vive apenas na Tasmânia, ilha da costa da Austrália. Desde 1996, quando foi detectado, o câncer já exterminou 60% da espécie – hoje reduzida a 15 000 exemplares. Os primeiros estudos sobre a doença apontavam para a transmissão por vírus, como no caso do HPV, que está associado ao câncer de colo de útero nos humanos. Agora, os cientistas descobriram que o câncer surgiu de uma mutação genética num único exemplar da espécie, há vinte anos.

A mutação ocorreu na célula de Schwann, responsável por proteger os neurônios. A conclusão dos cientistas se baseia na constatação de que os genes dos tumores não provinham dos animais afetados, mas eram idênticos entre si – e, portanto, tiveram a mesma origem. Disse a VEJA a geneticista americana Clare Rebbeck, que fez parte do estudo: "A população de diabos-da-tasmânia é tão reduzida que eles são muito parecidos geneticamente. Por isso, seu sistema imunológico não rejeita a célula de outro indivíduo, o que faz com que o tumor se desenvolva". Os cientistas estimam que em trinta anos o diabo-da-tasmânia esteja extinto. Para que isso não aconteça, animais saudáveis estão sendo isolados em cativeiro.

No momento, outras duas espécies estão ameaçadas de extinção por motivos naturais. O urso panda, que vive nas regiões montanhosas da China, está hoje reduzido a 2 000 exemplares. Embora seu sistema digestivo seja mais apropriado para um carnívoro, o panda se alimenta principalmente de bambu. A teoria mais aceita para esse comportamento é que a mutação genética que levou à alteração nos hábitos alimentares seja recente e o organismo da espécie ainda não esteja inteiramente adaptado. Para piorar a situação, os pandas quase não se reproduzem. A fêmea fica fértil apenas três dias por ano. A outra espécie ameaçada de extinção – ao que tudo indica, por motivos naturais – é a das abelhas comuns. Só nos Estados Unidos, a população do inseto caiu pela metade nos últimos 35 anos. O mesmo tem acontecido em países da Europa. A hipótese mais provável para o sumiço das abelhas é que elas sejam vítimas de uma nova e misteriosa doença. Para os cientistas, assistir às extinções naturais enquanto ocorrem pode ajudar a esclarecer as grandes extinções do passado. Como aquela responsável pelo desaparecimento de 90% da vida marinha e 70% da vida terrestre há 250 milhões de anos. Daí a relevância da pesquisa com o diabo-da-tasmânia.

O ÚLTIMO TIGRE DA CHINA
A imprensa chinesa noticiou no fim de dezembro que um cidadão foi condenado a doze anos de prisão por crime ambiental. Seu delito foi matar a tiros – e comer, em animada companhia de amigos – o que se acredita ser o último exemplar que restava na China do tigre da Indochina. A última vez que se viu essa subespécie de tigre em território chinês foi em 2007. Testemunhas afirmam que o animal morto era o mesmo avistado naquela ocasião. Duas outras subespécies de tigre subsistem na China (uma delas, o tigre do sul da China, com menos de vinte exemplares). O tigre da Indochina está agora restrito a cinco países do Sudeste Asiático. O condenado alega que atirou no animal em legítima defesa, mas admitiu ter feito churrasco do felino. Na medicina chinesa tradicional, persistem crendices como a que atribui poderes terapêuticos a órgãos de certos animais. Os testículos do tigre são recomendados como uma iguaria afrodiciaco.