terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Pará:

Cobertura Vegetal :
O Domínio da FlorestaEntrar no mundo exuberante, mas ao mesmo tempo cheio de mistérios e surpresas da vegetação do Pará é começar uma aventura por uma parte considerável da Floresta Amazônica, um verdadeiro santuário para botânicos, ecologistas e outros estudiosos da natureza. Quem embarca nessa viagem vai deparar-se com uma cobertura vegetal diversificada, que inclui desde as florestas equatoriais e cerrados, até os campos, que reinam na monumental ilha do Marajó. Não podemos falar da cobertura vegetal paraense sem mencionarmos, primeiramente, a Floresta Amazônica, considerada a "mais rica floresta pluvial equatorial do mundo", tanto em extensão como em variedade de espécies vegetais e animais. A grande floresta, segundo o pesquisador William Rodrigues, é também chamada de hiléia, "do grupo Hylaea, a zona de selvas
". Hiléia Amazônica foi a denominação dada pelo botânico Alexander von Humboldt que, acompanhado pelo botânico francês Aimé Jacques Alexandre Goujaud, conhecido por Bonpland, por aqui passou no início do século passado. A expressão "Inferno verde" foi cunhada por Alberto Rangel, fascinado pelas características da vegetação. Abrangendo cerca de milhões de km², dos quais 60% estão em território brasileiro, a Floresta Amazônica apresenta, floristicamente, uma variedade superior à existentes nos continentes asiático e africano, que pode chegar a 800 mil plantas, incluindo todos os grupos já catalogados. No entanto, apesar de toda essa diversidade, apenas no estuário do Rio Amazonas, no Estado do Pará, são encontradas duas espécies dominantes na vegetação local: as palmeiras do buriti (Mauritia flexuosa) e do açaí (Euterpe oleracea), conforme ressalta o pesquisador William Rodrigues na publicação "Amazônia, Fauna e Flora". Para conhecer toda a riqueza da vegetação amazônica, na parte pertencente ao Estado do Pará, vamos começar uma longa viagem, que nos levará as matas fechadas e campos alagados. Nosso roteiro começa mostrando os quatros tipos de florestas existentes no território paraense, que são a Ombrófila Densa, Ombrófila Aberta, Estacional Decidual e Estacional Semidecidual.
Na Floresta Ombrófila Densa vamos encontrar as matas de terra firme, de várzea e de igapó. A mata de terra firme, que faz parte da região mais quente e úmida do Brasil, está presente em quase todo o Estado, numa área de clima marcado pelas chuvas, registrando um índice pluviométrico superior a 2.300 mm ao ano e com temperatura oscilando entre 22º e 25ºC. Nesse tipo de mata ficamos diante de árvores de grande porte, que variam de 25 a 50 m de altura, as quais se subdividem em quatro tipos: aquelas chamadas árvores emergentes, que se destacam na cobertura vegetal por sua altura, acima do nível das outras espécies; as árvores que formam a cobertura uniforme, que têm praticamente a mesma altura; a chamada submata, com as árvores de menor porte; e os arbustos e as ervas. Mas a diversidade da mata de terra firme não pára por aí. Avançando no roteiro vamos encontrar ainda as depressões, chamadas de "terras baixas", onde as árvores de grande porte, com densas copas e troncos altos e retos, verdadeiros "gigantes da floresta", como o Angelim, a maçaranduba, a castanheira-do-pará, a seringueira, e o piquiá nos deixam simplesmente fascinados. Esses "gigantes" formam um mundo fechado, onde a luz solar praticamente não chega a atingir o solo. Daí a umidade constante. Prosseguindo nossa caminhada, chegaremos às planícies ao longo ao longo do Rio Amazonas e de seus grandes afluentes, onde estão as matas de várzea (inundadas periodicamente) e as matas de igapó (sempre de baixo d'água). Por ficarem próximas ao Rio Amazonas, as matas de várzeas são propícias às espécies menos frondosas, ucuúba, andiroba, anani, palmeira do açaí e buritirana. Na região de várzea da Ilha de Marde Marajó destacam-se em altura as espécies leguminosas, como o jutaí-açu e a faveira. Nas margens dos furos também encontramos várias espécies de seringueiras. Ao atingirmos a mata de igapó nos deparamos com espécies de nomes exóticos, como a seringa-itaúba, a andirobinha, ou cabeça-de cutia, a palmeira marajá e a sororoca ou bananeira-brava. Chegamos ao final da primeira etapa nossa viagem pela vegetação paraense.Na Floresta Ombrófila Aberta, caracterizada por um pequeno período seco (que vai de dois a três meses), e uma temperatura média acima de 22ºC. Aqui, a maioria das espécies ainda é oriunda da Floresta Densa, mas as copas das árvores geralmente não ficam tão próximas umas das outras, o que permite a passagem dos raios solares. Na floresta Aberta também há quatro subtipos marcantes: florestas com palmeiras, com cipós, com bambu e com sororoca. No Pará, encontramos a floresta com palmeiras na região do médio Xingu-Tapajós, onde predomina a palmeira do babaçu, e ainda a leste desses dos rios. Nossa aventura pela mata nos leva ao Sul do Estado, onde a primeira parada é na floresta com cipós. Aqui encontramos árvores com cerca de 20 m nas áreas mais planas, cobertas por cipós mais grossos, chamados de lianas lenhosas. Nas áreas mais elevadas estão as árvores com cerca de 25 m, algumas cobertas pelo enorme cipoal. Nessa floresta, concentrada principalmente no trecho da Transamazônica que vai do município de Marabá até o Rio Xingu, esbarramos em muitos ipês-amarelos, mandioqueiras e matamatás, além do cipó-de-leite e do cipó-cruz. Do cipoal passamos para a floresta com bambu, que ocorre em clareiras, margens de igarapés e caminhos de seringueiros, onde a incidência de luz é maior. Nesse subtipo, predominam a fava-de-espinho, o taperebá e o axixá. À Sudeste do Pará, ao longo do médio Rio Xingu, e nos municípios de Benevides Santa Isabelencontramos a floresta com sororoca. Esse subtipo ocupa o solo dos locais onde há queda natural de árvores e nas clareiras abertas pela ação do homem. As espécies mais comuns são a mandioqueira escamosa, o pau-mulato, o tamaquaré e o cedro.Floresta Estacional Semidecidual encontrada no Norte, Sul e Leste do Pará, geralmente nas regiões onde o período de chuvas abundantes é seguido por quatro a seis meses de seca, com uma temperatura média em torno de 22ºC. A principal característica desse tipo de floresta é a perda simultânea das folhas, que atinge até 50% da cobertura vegetal, para que as espécies se adaptem às mudanças climáticas. Nos pontos mais úmidos são encontradas as palmeiras tucumã e inajá. Além dessas espécies, apresentam o louro-amarelo e o pau marfim. A maioria das árvores dessa floresta, nas partes baixas dos relevos planos, tem troncos retos, copas pequenas e ficam ligeiramente espaçadas, o que garante a entrada da luz do sol. Entre as árvores características, que variam de 20 a 35 m de altura, estão o breu-manga e a copaíba.
Nos caminhos das florestas paraenses, é a Floresta Estacional Decidual encontrada na área da Serra do Cachimbo, no Sul do Pará. Essa floresta tem uma peculiaridade: mais da metade de sua cobertura vegetal perde as folhas nos períodos de seca, geralmente de junho a setembro. Entre suas espécies mais freqüentes estão o jatobá, as perobas e o tento. Porém, não vá pensando que a vegetação do Pará se resume a esses quatros tipos marcantes de floresta. No Estado são encontradas ainda savanas (áreas também chamadas de cerrados) e vegetação litorânea, que são tipos de cobertura vegetais classificadas como não florestais. As savanas ocorrem em regiões onde o período seco se estende de quatro a seis meses. No Norte do Pará, encontramos a savana de Tiriós. Quanto à vegetação litorânea, vamos conhecê-la nas áreas com influência marinha (as restingas) e nas áreas com influência fluviomarítima (os mangues). Nas áreas com influência fluvial encontramos os campos mistos e alagáveis e os campos de várzea. As áreas com influência marinha ficam ao longo do litoral, recebendo influência direta do oceano e abrangendo as faixas com praias, dunas e outras formações litorâneas. Na costa do Pará, principalmente no trecho que vai de Salinópolis ao Norte da Ilha de Marajó, as prais são originárias das Areias Quartzosas Marinhas, com areias brancas e dunas cobertas por vegetação arbustiva, como o ajuru. Nas áreas com influência fluviomarinha encontramos árvores que se adaptam aos estuários dos rios, desde que estes tenham areias, água salobra e o movimento de vazante das marés. Já os mangues estão presentes na costa Nordeste da Ilha do Marajó, na Região do Salgado e ainda na Ilha de Mosqueiro. Além da espécie Rhyzophora (muito comum na formação dos mangues), a vegetação apresenta as aningas. As palmeiras do açaí e buriti determinam a transição das áreas de mangue para as áreas de influência apenas fluvial. As áreas com influência fluvial permanecem alagadas quase todo o ano. Vamos encontrá-las ao longo do médio e baixo Amazonas e de alguns afluentes, e no Arquipélago de Marajó. A vegetação dessas áreas é formada por gramíneas e plantas aquáticas de folhagem larga, como o aguapé e o mururé; por arbustos como a aninga; por palmeiras, principalmente a buritirana e a pupunharana; e por espécies arbóreas, nos locais onde o período de inundação é menor. Na imensidão do Arquipélago de Marajó estão ainda os campos pouco alagados, com áreas baixas e permanentemente inundados, e outras mais altas, os chamados "tesos", que não sofrem inundação. Mas tanto nos campos baixos como nos tesos, florescem plantas forrageiras, que servem de alimento ao gado, como o capim-açu, o capim rasteiro, a malva e a canarana rasteira. Nos campos baixos, que ficam inundados durante vários meses, estão as melhores pastagens da ilha. Neles florescem gramíneas consideradas boas forrageiras, como a barba-de-bode, a canarana de folha miúda e o piri. Os campos cobertos de gramíneas se alternam com as áreas sempre inundadas, onde uma das espécies vegetais mais comuns é o conhecido mururé. Encontramos áreas de várzeas também nos municípios de Almeirim, Cametá, Faro, Santarém e Porto de Moz. Nossa aventura termina na região Nordeste da Ilha de Marajó, onde há uma área chamada "mondongo", formada por terrenos pantanosos. O mondongo apresenta aningas e uma vegetação mais densa que nos outros campos marajoaras. A área de campos de várzeas, do baixo Amazonas e dos campos do Marajó, constitui tradicionais regiões de pecuária extensiva (tradicional).
Queimadas
O Perigo vem do fogoNos últimos 20 anos o Pará vem sofrendo um acelerado processo de devastação de sua vegetação nativa, em função da derrubada de matas e das queimadas. Usadas geralmente para retirar a cobertura vegetal de grandes áreas, destinadas às atividades agrícolas ou pecuárias, as queimadas tornaram-se um pesadelo em determinadas áreas do Estado. A queima e a derrubada indiscriminada de árvores deixam a região sensível a mudanças no clima. Sem a proteção da mata, podem ocorrer também incêndios espontâneos. Mas os perigos não param por aí. A fumaça decorrente das queimadas lança na atmosfera gases, partículas de materiais e grande quantidade de gás carbônico. Esses elementos, associados aos gases naturais produzidos pela floresta, afetam até a camada de ozônio, causando ainda inúmeras doenças respiratórias no homem. Nem mesmo os animais conseguem escapar da destruição ambiental causada pelo fogo, que ameaça de extinção várias espécies vegetais responsáveis pela manutenção de insetos polinizadores (que espalham o pólen das plantas pela floresta). Outra conseqüência desastrosa das queimadas verifica-se na fertilidade dos solos. Após a queima da mata, o solo fica com uma camada superficial rica em nutrientes, mas que em pouco tempo desaparece, levada pelas águas das chuvas, no processo chamado lixiviação. Com a repetição das queimadas, o solo perde todas as suas propriedades naturais, tornando-se imprestável para a agricultura e abrindo caminho para o avanço da erosão. No Pará, as áreas mais atingidas pelas queimadas e pela derrubada de árvores são o Sul e o Sudeste, onde se concentram grandes projetos madeireiros e agropastoris, e a ilha do Marajó, onde a produção de palmito é a principal causa da destruição dos açaizeiros
Fauna e Flora
Variedade e ExuberânciaO ecossistema do Pará apresenta a biodiversidade característica da região amazônica, onde já foram catalogados mais de duas mil espécies de peixes, cerca de 950 espécies de pássaros, 300 espécies de mamíferos e cerca de 10% de todas as espécies de plantas existentes na Terra. No território paraense, essa variedade de espécies animais e vegetais é imensa, devido principalmente às condições climáticas (localização na zona equatorial) e ao tamanho da área coberta por florestas. Entre as árvores consideradas como madeira nobre, por isso mesmo derrubadas muitas vezes de forma indiscriminada, estão o Angelim, o Cedro e o Mogno. No setor extrativo, as espécies mais procuradas são a seringueira e a Castanheira-do-Pará. A flora também apresenta espécies exóticas, como a vitória-régia e dezenas de espécies de bromélias. Nas últimas décadas, a preocupação com o futuro do ecossistema amazônico – aí incluído o paraense – vem sendo manifestada dentro e fora do Brasil, por instituições governamentais e não governamentais. Vários fatores contribuem para a destruição da flora e o processo acelerado de extinção de animais em território paraense. Entre esses fatores, destacam-se a exploração seletiva de madeira (que acaba com reservas naturais de madeiras nobres), a agropecuária extensiva (responsável pela derrubada da mata para transformação em pasto), a construção de usinas hidrelétricas (que altera o ecossistema dos rios e áreas próximas), a caça indiscriminada visando a retirada do couro para comercialização, a pesca predatória e o extrativismo de plantas destinadas à indústria farmacêutica. Em algumas áreas, animais, como a queixada, o peixe-boi, o pirarucu, as tartarugas e os mutuns já foram bastante reduzidos.
Áreas de PreservaçãoDesde a década de 70, o governo federal vem criando na Amazônia reservas naturais, para preservação da fauna e da vegetação. Segundo o Plano de Sistemas de Unidades de Conservação do Brasil e a Lei nº.6.092, de 27 de abril de 1981, são as seguintes as formas de manejo do ecossistema:Parque Nacional – é uma área extensa com um ou mais ecossistemas inalterados pela ação do homem. A fauan, a flora, os sítios geomorfológicos e os habitats têm interesse científico, educativo e recreativo. Possuem ainda belas paisagens naturais.Reserva Biológica – serve como banco genético, devido às características especiais de fauna e flora. A influência do homem é controlada, já que a visitação pública é proibida.Estação Ecológica – tem por objetivo proteger amostras de ecossistemas distintos, para subsidiar a pesquisa comparativa entre áreas preservadas e áreas ocupadas.Floresta Nacional – destina-se à produção comercial de madeira e outras espécies da flora, à conservação da fauna silvestre e à proteção das bacias hidrográficas.No Pará são encontrados o Parque Nacional da Amazônia, a Reserva Biológica do Rio Trombetas, a Estação Ecológica do Jarí, e as Florestas Nacionais do Tapajós e de Caxiuanã.O Parque Nacional da Amazônia, localizado às margens do Rio Tapajós, abrange os municípios de Itaituba (no Pará) e Maués (no Amazonas). Criado em 1974, tem 993.950 hectares. A cobertura vegetal, predominante é a Floresta Ombrófila Densa, com árvores de vários tamanhos, destacando-se a Castanheira-do-Pará e a Seringueira. A fauna é representada pela ariranha (Pteronura brasiliensis), o peixe-boi (Trichechus inungis), o tatu-canastra (Priodontes giganteus), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o gavião real (Harpia harpyja). A visitação precisa de autorização do Ibama.A Reserva Biológica do Rio Trombetas foi criada em 1979, no município de Oriximiná, com 385 mil hectares. Abriga a maior concentração de quelônios de água doce do país, principalmente a tartaruga-da-amazônia. Ao longo do rio, os bancos de areia chamados de "tabuleiros" servem de ponto de desova para os quelônios. A área é dominada pela Floresta Ombrófila Densa, mas com formações vegetais de influência fluvial. Com uma fauna diversificada, é habitat natural de antas, capivaras, cutias, macacos-de-cheiro, onças, pacas, porco-do-mato, ariranhas e tamanduás-bandeiras. Visitação permitida pelo Ibama.A Estação Ecológica do Jarí ocupa 227.126 hectares do município de Almeirim, entre os rios Jarí e Paru. Na cobertura vegetal predomina a Floresta Ombrófila Densa.A Floresta Nacional do Tapajós tem mais de 600 mil hectares, distribuídos entre os municípios de Santarém, Aveiro e Rurópolis. Criada em 1974, predomina em sua área a Floresta Ombrófila Densa, com essências nativas de valor comercial, como o babaçu e várias espécies de animais silvestres (cutias, onças e macacos).A Floresta Nacional de Caxiuanã, com mais de 300 mil hectares, está localizada à margem esquerda da Baía de Caxiuanã, nos municípios de Portel e Melgaço. Sua cobertura vegetal é formada principalmente pela Floresta Densa. Controlada pelo Ibama e Museu Paraense Emílio Goeldi, visa preservar os animais e as espécies vegetais da região. A visitação é permitida pelo Museu.O Pará tem ainda a Estação Biológica Nacional do Tapirapé, com 103 mil ha., nos municípios de Marabá e São Félix do Xingu; a Floresta Nacional de Gorotire, com 1.843 mil ha., em São Félix do Xingu e Ourilândia do Norte; a Floresta Nacional de Mundurucânia, com 1.377 mil ha., em Itaituba; e a Floresta Nacional de Tumucumaque, com 1.793 mil ha., nos municípios de Alenquer, Almeirim e Óbidos.
Importância para o ecossistema
ManguesDeclarados áreas de preservação permanente pela Lei nº.4.771, de 15 de setembro de 1965, os manguezais paraenses, localizados principalmente no município de Bragança e ao Norte da Ilha de Caratateua (onde fica o distrito de Outeiro), são fundamentais para a manutenção do equilíbrio ecológico do litoral paraense. Os manguezais são úteis à pesquisa científica – devido à variedade de fauna e da flora, - à educação ambiental e também ao lazer da população. A palavra mangue origina-se do vocábulo malaio manggimanggi e do inglês mangrove, designando as formações arbóreas da zona de balanceamento das marés, nos litorais tropicais. Os manguezais abrigam árvores e arbustos litorâneos que se desenvolvem em ambientes salinos, inundados constantemente pelas marés. Formam-se nas praias localizadas em bacias ou enseadas e nas margens de estuários, onde há influência da água salgada. Os mangues também aparecem em ilhas oceânicas e em recifes de coral, nas áreas livres da ação das ondas. A vegetação típica possui raízes aéreas (que absorvem o ar e sustentam as plantas no solo) ou pneumatóforos (que levam oxigênio até a parte mergulhada na lama). Essas raízes reduzem o ímpeto das ondas, favorecendo a deposição de Iodo e fornecendo condições para a fixação de algas e animais marinhos. A flora e a fauna dos manguezais estão sujeitas ao fluxo das marés. As espécies que aparecem nas áreas inundadas são diferentes daquelas encontradas nas áreas não atingidas pelas marés. Isso se deve a vários fatores, como a salinidade e o teor de oxigênio da água. Nas margens habitam os caranguejos do gênero Uca. Os mangues são também o habitat de inúmeras espécies de aves, de répteis, anfíbios e pequenos mamíferos, além de muitos insetos.DunasSó quem ainda não foi a uma praia não sabe o que é duna. Verdadeiras montanhas de areia formadas pelos ventos que sopram nas regiões costeiras, as dunas podem ser fixas ou móveis. São fixas quando possuem vegetação, geralmente moitas e pequenos arbustos. A vegetação – que por ser adaptada ao solo arenoso é denominada psamofítica (do grego psamos, que significa areia) – é condicionada pela distância do mar, devido ao teor de salinidade. Já as dunas móveis sofrem com a ação dos ventos, que vão retirando sua camada superficial, até que sejam transportadas para outros lugares. No litoral banhado pelo Oceano Atlântico, como o paraense, as dunas podem atingir até 80 m de alturas. Poucas espécies de animais habitam as dunas, com destaque para a aranha venenosa conhecida por "viúva negra". Por isso, apesar de belas e atrativas, as dunas guardam perigos, dos quais é melhor se prevenir.

Perfil Demográfico
Na formação do povo paraense predomina a influência indígena, pois sua área, desde a pré-história, foi habitada por um grande número de nativos, pertencentes a grupos diferentes. Esta influência continua a se fazer sentir não somente no seu biótipo, como também em nossa cultura, através dos ritmos, alimentação, artesanato, em suma, no nosso folclore. Ainda hoje a população indígena do Pará é bastante significativa, principalmente no extremo Norte e no Centro Sul do Estado, predominando nas áreas do Parque Indígena do Tumucumaque, nas áreas indígenas do rio Paru d'Este e de Cuminapanema, áreas indígenas de Menkranotire, Kaiapó e Baú, além de outras dispersas, especialmente ao Sul do rio Amazonas, entre as Bacias do Xingu e do Tocantins.
No início do século XVII chegaram os colonizadores portugueses, liderados por Francisco Caldeira Castelo Branco, que se estabeleceram na foz do Presépio, posteriormente denominado Forte do Castelo, marco de origem, da hoje capital do Estado, Belém ou Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Pedro Teixeira, um dos remanescentes da expedição de Castelo Branco, conhecido como "Conquistador da Amazônia", anos depois partiu de Belém, seguindo através do rio Amazonas em direção às suas nascentes, percorrendo como desbravador as terras paranses em direção ao Oeste. Seguiram-se outrs expedições, fundou-se outro forte, na cidade de Óbidos, no "cotovelo do Amazonas", ponto estratégico pelo fato de aí, o grande rio apresentar sua menor largura – 1,5 km. Muitos foram aqueles que se dirigiram ao interior paraense em busca das chamadas "drogas do sertão" ou "especiarias", destacando-se dentre elas a canela, o sândalo, o patchouli, o pau-d'angola, etc. Posteriormente foi o Ciclo da Borracha o responsável pela vinda de imigrantes, que se estabeleceram nos seringais, onde os seringalistas – os donos – de origem portuguesa, iniciaram o período de atração de imigrantes internos, nordestinos, que passaram a trabalhar como seringueiros – como peões – nas "estradas" da borracha. O auge do Ciclo da Borracha trouxe grandes riquezas para a região amazônica como um todo e, também, especialmente ao Pará. Belém transformou-se em metrópole da Amazônia, importando padrões de vida característicos da Europa. O período de 1850-1910 representou um marco exponencial na fisionomia e na vida de Belém – construíram-se palácios, teatro, avenidas, monumentos; traziam-se artistas famosos diretamente da Europa para apresentações não só em Belém, como na capital do vizinho Estado do Amazonas.No entanto, com a queda do Ciclo da Borracha, veio a decadência, que teve como conseqüência, inclusive, uma diminuição da população no período de 1920 a 1940. Enquanto no período de 1900 a 1920 a população paraense havia mais do que duplicado, entre 1920-1940 ocorreu um decréscimo de cerca de 40.000 habitantes, voltando a crescer, embora em ritmo lento, no período de 1940-1950. Nas décadas de 50 e 60, a população voltou a crescer, tendo como principais causas a construção de Brasília e a abertura da Belém-Brasília. No entanto, foi a partir da década de 70 que houve um maior incremento populacional, devido à implantação dos grandes projetos agropecuários e extrativistas (vegetais e minerais) que se estabeleceram no Estado, atraídos pelos incentivos fiscais da SUDAM. Nesta época se iniciou a fixação de grandes correntes de imigrantes, principalmente no Sul e Sudeste paraense, formadas por gaúchos, catarinenses, paranaenses, mineiros, goianos, e outros, dando origem a um caldeamento étnico diversificado, tendo em vista que o paraense originalmente era formado pela mistura de índios com brancos de origem portuguesa e posteriormente pela mistura com nordestinos, com pequena influência negra. Atualmente apresentamos uma fisionomia mais diversificada, uma vez que os imigrantes provenientes do Sul são descendentes de alemães e italianos.
MarajóCom 65.394 km² de área, o Marajó é o maior arquipélago fluvio marítimo do planeta. Localizado na foz do Rio Amazonas, o arquipélago, além da ilha que lhe dá o nome, é formado pelas ilhas de Caviana (com 5 mil km², é um dos pontos mais atingidos pela violência da pororoca), Mexiana (com 1,5 mil km²) e Ilha Grande de Gurupá (a menor das três, coberta por floresta densa). O Marajó abriga 12 municípios – Breves é um dos mais importantes e mais populosos. A ilha principal tem dois tipos de terreno: no lado Oriental predominam as terras altas, que variam de 4 a 20 m de altura, não sofrendo, portanto, com as inundações; na parte Ocidental são encontradas as terras baixas, com maior número de rios e canais, formadores de pequenas ilhas, e sujeita às inundações. No lado Oriental dominam os campos e no lado Ocidental a floresta. O período de maior precipitação pluviométrica é de fevereiro a maio, quando dois terços da ilha ficam completamente alagados. O período de estiagem é de agosto a setembro, quando até o lago Arari seca. A economia gira em torno da pecuária (concentrando o maior rebanho de búfalos do país), do extrativismo de madeira e do plantio de frutas tropicais, principalmente de abacaxi. O turismo, entretanto, desponta como a principal alavanca para o seu desenvolvimento. Entre os principais acidentes geográficos estão o lago Arari, o rio Arari e o Canal das Tartarugas, que liga o lago Arari ao Oceano Atlântico.

Relevo, Solos e Subsolos
Relevo
O relevo do Estado apresenta-se com uma estreita área de planície, com atitude até 100 m, apenas ao longo do baixo Amazonas, constituída de sedimentos recentes resultantes da deposição de aluviões transportados pelos rios. A partir do distanciamento das margens do "grande rio" até cerca de 500 m, de altitudes, ocorrem as depressões, com inclinações suaves, resultantes do trabalho de erosão sobre rochas de origem cristalinas ou sedimentares. Nos extremos Norte e Sul do Estado, encontramos os planaltos das Guianas (serras do Acaraí e Tumucumaque), e Brasileiro – Planalto Central (serras do Cachimbo, Carajás e Gradaús), com altitudes variando entre 500 a 900 m, formados por terrenos cristalinos, constituindo áreas onduladas. A maior província mineral da Terra localiza-se na Serra dos Carajás, no Sudeste do Estado, entre os rios Xingu e Tocantins, riquezas extraídas pela Companhia Vale do Rio Doce através do Programa Grande Carajás (ferro e ouro). No litoral leste do estado encontram-se formações recortadas, resultantes do encobrimento pela água de vales costeiros e de falésias. Alguns chegam a 100 m, caracterizando-se essa área pelos solos areno-argilosos de coloração clara ou avermelhada. Em Salinópolis há barrancos de até 5 m. Próximo à divisa com o Maranhão há um conjunto de tabuleiros rebaixados, com altitudes variando entre 200 e 300 m, chamados de Planaltos Residuais da Amazônia Oriental. É um relevo atingido pela erosão. Na área próxima ao litoral do Estado estão as Depressões da Amazônia Central, com formações tabulares e pequenas colinas. A Leste, um pequeno trecho é dominado pela Depressão do Araguaia-Tocantins, que apresenta superfície rebaixada. As Planícies Costeiras são encontradas ao longo do litoral. A Lesta da Baía de Marajó até o chamado Golfão Maranhense há sedimentos do período Holoceno associados a ilhas, baías e canais.Solos
O problema da lixiviaçãoFormados por terrenos cristalinos e sedimentares que lhe deram origem, os solos paraenses apresentam-se com certa diversidade, sendo caracterizados especialmente, pela intensiva lixiviação (lavagem do solo pelas águas das chuvas) a que são submetidos. As derrubadas e queimadas que vêm ocorrendo no Estado, expõem o solo diretamente ao trabalho da erosão pluvial devido aos altos índices de chuvas que caracterizam a região. A ilusão do caboclo paraense de que as queimadas fertilizam o solo, o que inegavelmente ocorre na sua fase imediata, não leva em consideração que os nutrientes se perdem com as chuvas, deixando o solo empobrecido. Pelas características geomorfológicas e climáticas da região, os solos paraenses podem ser classificados, genericamente, em solos de várzeas e de terra firme. Os solos de várzeas, localizados nas margens dos rios, são adubados e drenados naturalmente pelas enchentes periódicas. São ricos em húmus (matéria orgânica) devido às aluviões que se depositam nas suas margens. São originários, portanto, de terrenos sedimentares recentes (terciários e quaternários), hidromorfos e geralmente argilo-arenoso. Podem ser aproveitados em culturas temporárias como arroz, juta e malva, mas não apresentam condições adequadas à mecanização das lavouras. Já os solos de terra firme, com predominância dos latossolos, amarelos ou vermelhos são mais destinados a culturas permanentes ou de ciclos longos, como da pimenta-do-reino, cacau e dendê. Existem algumas manchas de terra roxa disseminadas mais para o Sul do Estado. Nas demais áreas, os solos podem ser corrigidos através da adubação, que suprirá a pobreza em minerais nutrientes e acidez. Esses solos são geralmente profundos, bem drenados e, como aparecem em áreas planas ou pouco acidentadas, oferecem condições adequadas à mecanização. Alguns dos principais tipos de solos existentes no Pará têm nomes estranhos, comuns apenas aos estudiosos de pedologia. A seguir, relacionamos esses tipos de solo e suas características mais acentuadas. O grupo dos latossolos amarelos tem sua origem relacionada a sedimentos areno-argilosos dos períodos quaternário e terciário. Encontrado na faixa paralela aos rios Guamá, Tocantins e Amazonas. O latossolo vermelho-amarelo apresenta características semelhantes ao latossolo amarelo, inclusive quanto à origem, mas com teor mais elevado de Fe²O³ (óxido de ferro). Encontra-se no extremo Norte do Estado e ao longo do Rio Araguaia. A terra roxa estruturada caracteriza-se pela profundidade, firmeza e fertilidade natural para a agricultura. Resulta da alteração de rochas básicas e ultrabásicas. Encontrada às proximidades dos municípios de Alenquer e São Félix do Xingu.O solo podzólico vermelho-amarelo eutrófico é encontrado em algumas áreas do Sul do Pará, em relevos com topografia variável, apresentando boa reserva de nutrientes. O podzólico vermelho-amarelo, semelhante ao podzólico vermelho-amarelo eutrófico, tem baixa fertilidade natural, ocorrendo em relevos planos e nos terrenos com ondulações. Na ilha de Marajó é encontrada a variação podzólico vermelho-amarelo plíntico, que apresenta de média a grande profundidade e grande concentração de água. No plintossolo predominam as côres avermelhadas, a baixa fertilidade natural e o excesso de água. Originado de sedimentos areno-argilosos do quaternário, é encontrado no Marajó. O podzol hidromórfico apresenta baixa fertilidade natural, textura arenosa e pouca permeabilidade. A origem está relacionada aos sedimentos areno-argilosos dos períodos quaternário e terciário. Encontrado em pequenas áreas do Nordeste do Pará, incluindo o Marajó. O solonchak é um solo com alta concentração de sais solúveis, responsáveis pela forlitólico. Dependo do material de origem, esse tipo apresenta características físicas e químicas diferentes. Apresenta textura arenosa, média ou argilosa, sendo facilmente atingido pela erosão devido à pouca profundidade. Não é indicado para a agricultura. Os lençóis freáticos influenciam diretamente o tipo gleissolo, originado de sedimentos do período holoceno. Subdivide-se em gleihúmico e glei pouco húmico, conforme os efeitos da oscilação do lençol freático. Ocorre nas planícies fluviaias, como a área de Belém e seu entorno. Parte do litoral paraense é dominada pelo solo indiscriminado de mangue. Não é indicado para a agropecuária, por apresentar excesso de água e cúmulo de sais solúveis, que prejudicam o crescimento de espécies vegetais. O vertissolo é um tipo de solo mineral de média a grande profundidade, que durante a época chuvosa tem a capacidade de se expandir e na época seca se contrai, provocando o aparecimento de fendas com espessuras superiores a 1 cm. Apresenta boa reserva de nutrientes, favoráveis ao crescimento de vegetação. Entretanto, como se contrai durante a seca, as raízes das plantas podem se rachar. Por ser pouco permeável, o excesso de água acumulada na superfície e a consistência pegajosa impossibilitam o uso de máquinas. Ocorre em pequenas áreas do Pará. Com alto teor de ferro e alcalinidade, além de baixa fertilidade, o tipo petroplíntico não é indicado para a agricultura, por não oferecer nutrientes e espaço necessário ao desenvolvimento de espécies vegetais. A concentração de ferro também limita o uso de máquinas para melhorar a qualidade do solo. É encontrado no Nordeste do Pará e às proximidades do Rio Amazonas. Texto: Dyrce Koury Wagner/Socorro WagnerPotencialidades AgrícolasEnquanto o Pará, como todos sabem, é uma potencia mineral seu solo não apresenta a mesma excelência, principalmente em relação ao cultivo agrícola. No entanto, apesar de não poder competir com o nível de fertilidade encontrado em outras regiões do país, o Pará tem um considerável potencial agrícola, bastando apenas que seu solo passe por processos corretivos. A seguir, destacamos algumas áreas do Estado e suas características:Região do Projeto Carajás e áreas próximas – predominância de solos favoráveis ao cultivo de vegetais, com fertilidade considerada média devido à falta de alguns elementos nutritivos.Várzeas do Amazonas e seus tributários, e a Oeste da Ilha do Marajó – fertilidade natural classificada de média e alta, mesmo os solos estando sujeitos a inundações em determinado período do ano.Nordeste do Pará – baixa fertilidade natural.Regiões Centro e Norte do Pará – solos com excesso de alumínio trocável e relevo muito acidentado.Foz do Rio Amazonas – solos limitados ao cultivo. Apresenta altos teores de sódio trocável e risco de inundação. Necessitam de técnicas especiais de manejo.Subsolos
Abrigo de imensas riquezas mineraisA partir da década de 70, o Pará descobriu que abrigava, em seu subsolo, a maior província mineral da Terra, localizada na Serra do Carajás, explorada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), através do programa Grande Carajás. A descoberta do imenso potencial mineral do Estado ocorreu após a implantação do Projeto Radambrasil pelo Ministério das Minas e Energia, considerado o maior projeto de levantamento integrado de recursos naturais do planeta. Através de Radar, aerofotogrametria e outros recursos, incluindo pesquisas de campo, foi elaborado um perfil geológico, pedológico e florestal de algumas regiões brasileiras, entre as quais a Amazônia. O conhecimento detalhado das riquezas minerais visava racionalizar seu aproveitamento econômico. Antes mesmo da descoberta de minas como Serra Pelada, o Pará já produzia ouro de aluvião, extraído de terrenos sedimentares recentes, formados nas eras terciária e quaternária, existentes nos leitos de alguns de seus principais rios, como Tapajós e Jarí. A extração era feita por habitantes da própria região, e também por moradores das "Guianas", que entravam em território paraense através do Rio Jarí. As maiores concentrações do Pará estão nas serras dos Carajás e Pelada, e nos vales dos rios Trombetas, Jarí e Tapajós. Os maiores destaques ficam nos municípios de Parauapebas (jazidas de ferro), Oriximiná (de bauxita) e Itaituba (de ouro e calcário). Hoje, a produção de apenas três minerais – ferro, alumínio e manganês – é responsável por 92,4% da arrecadação do Estado no setor mineral.

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