domingo, 17 de janeiro de 2010

Casal usa minisubmarino para conhecer maior santuário de tubarões-martelo
Aquanautas faz mergulho na Ilha do Coco, no Oceano Pacífico.



Você se lembra dos aquanautas? Eles são um casal de brasileiros que se juntou à luta internacional pela preservação dos tubarões. A gente já viu, no Fantástico, essa dupla dividir o mar da África do Sul com o grande tubarão-branco. Hoje, o mergulho é na cinematográfica Ilha do Coco, que fica no Oceano Pacífico, a 500 quilômetros da costa rica.

A Ilha do Coco foi uma das locações de ‘O Parque dos Dinossauros’, de Steven Spielberg. Na vida real, a ilha também pode ser linda e assustadora.

“Embaixo d’água, a gente tem uma corrente marinha muito importante, muito rica em nutrientes. Então, atrás dessas pequenas partículas de nutriente, você tem toda uma cadeia alimentar, desde o pequeno peixinho colorido até enormes tubarões-baleia. É o show completo”, afirma a jornalista Ana Paula Rangel.

Cuidado com os peixes-borboleta, cuja dieta consiste dos parasitas grudados em peixes maiores, incluídos os tubarões. Portanto, um lugar cheio de peixes-borboleta fofinhos pode ser, também, um lugar infestado de tubarões.

E a Ilha do Coco costuma receber imensos cardumes dos tubarões-martelo. “É uma cena assustadora, mas eles são supertímidos. Se você quiser que eles se aproximem, você tem que prender a respiração e ficar quietinho”, explica o documentarista Tony Rangel.

“Eu caí, segui as instruções e me agarrei na pedra. Fiquei quietinha, sem respirar. De repente, vem aquele cardume enorme. Eu dei uma disparada em direção a um que veio bem próximo e consegui fotografar bem de perto. Depois, eu dei uma comemorada debaixo d’água”, conta Ana Paula.

Os galhas-brancas são menos tímidos. De dia, tudo bem: eles parecem preguiçosos, quase cochilam. A noite é a hora da caçada. Os galhas-brancas se transformam. Pouco acima de um tapete de tubarões, Tony registra a agressividade dos ataques. Muito abaixo dali, o show continua.

“No mergulho autônomo, você só consegue chegar a 40 ou 50 metros. E a gente sempre teve curiosidade para saber o que tinha nas profundezas”, ressalta Tony.

Os aquanautas embarcam em um submarino quase amarelo. A descida é feita no meio de peixes coloridos. O cenário é bonito, mas, até determinado ponto, ainda é conhecido.

A surpresa está em regiões onde a luz do sol não chega. O farol do submarino começa a revelar as criaturas que vivem no escuro. Existe uma espécie de peixe-morcego só se acha na Ilha do Coco. Foi filmada 180 metros abaixo da superfície, onde o breu é eterno.

Nessa profundidade, os aquanautas encontraram também o peixe-sapo, um predador feroz. Camuflado, o peixe-sapo atrai, com o movimento de uma anteninha, peixes que serão engolidos inteiros, em um golpe. Se fosse para escrever uma espécie de diário de bordo infantil, ele seria descrito assim: "peixe-sapo é uma pedra que come".

E o desfile de bichos estranhos continuava. A 250 metros de profundidade, eles encontraram peixes com olhos grandes, mas inúteis, e que têm antenas para tatear ao redor e encontrar obstáculos.

E há os tubarões de águas profundas. Um deles, acostumado à densa escuridão dos 300 metros de profundidade, ficou confuso e paralisado com a luz do submarino.

“Por ser muito rica em vida, a ilha atrai a industria pesqueira, obviamente. Os grandes navios vão atrás de barbatanas de tubarão e de atuns principalmente”, revela Ana Paula.

Alguns animais que conseguiram sobreviver às tentativas de pesca trazem na pele essas histórias, literalmente.

Vamos prestar muita atenção em uma imagem: no meio de um grande cardume, uma fêmea aparece com um tipo triste de fantasia. São restos de uma armadilha. A fêmea conseguiu escapar, mas se enrolou com o nylon e o metal, usados pelos pescadores. Ela ainda vai crescer. O colar bizarro vai, então, sufocá-la cada vez mais e, provavelmente, será a causa de uma morte prematura do animal.

Muita atenção também em outra imagem. O animal que vem surgindo no vídeo é uma tartaruga. Ela se debate, sem nenhum sucesso, na tentativa de se livrar de um anzol.

“O espinhel é uma linha de até 100 quilômetros, cheio de anzóis que eles vão soltando à noite. Depois, eles voltam e vão recolhendo”, conta Tony.

De vez em quando, a tartaruga para e se entrega ao cansaço. O mergulhador perto dela não é um monstro insensível. É que, neste momento, o barco de apoio está seguindo o procedimento mais seguro para o resgate e a libertação da tartaruga.

Agora, o que se vê debaixo d’água são as patas dela. A cabeça está acima da superfície. Quando o anzol é tirado, a tartaruga mergulha com o fôlego aliviado e nada para bem longe do perigo.

No último dia na Ilha do Coco, os aquanautas tiveram uma companhia rara. “De repente, eu sinto aquela sombra tomando conta do pedaço”, declara Ana Paula.

O tubarão-baleia não é figurinha fácil em mergulho nenhum.

Tony: Foi impressionante, porque a cauda do tubarão ficou passando bem pertinho, e a Ana Paula nadando junto.
Ana Paula: É emocionante você estar perto de um animal daquele tamanho e tão dócil. Eu nunca pensei que fosse possível chorar debaixo d’água.

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