segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Quadrigêmeos nascem sem casal fazer nenhum tratamento
O Fantástico acompanhou de perto a rotina do casal Ana Carolina e Jerônimo, que encarou o desafio de ter quatro filhos de uma vez.



Ana Carolina não esperava um futuro tão próspero. Queria ter um filho. Teve quatro!
Você vai conhecer a história dela e de outras mulheres que passam por essa experiência fantástica, de tão rara. E entender, da gestação à criação, o que significa trazer uma pequena tropa ao mundo!

“E aí houve um dia que caiu a ficha. É uma coisa assim: se eu cansar, não existe dizer ‘não quero mais trabalhar aqui, vou pedir demissão!’. Eles estão lá para sempre e vão depender de mim. Eu acho que tudo o que a gente imaginar é longe do que vai ser”, avisa a jornalista Ana Carolina Lima.

“Agora, seja o que Deus quiser”, diz o contador Jerônimo Harbs.

28 de setembro de 2009. Ana Carolina e Jerônimo estão prestes a inaugurar uma nova e fascinante etapa de suas vidas. Eles vão ser pais de quadrigêmeos. Há quase quatro meses, o Fantástico acompanha de perto o casal, que mora em São Paulo.

Ela, 30 anos, é jornalista. Ele, de 29, é contador e já tem um filho de outro relacionamento. Caú e Jê, como são conhecidos, foram pegos de surpresa. Eles dizem que a gravidez múltipla foi sem tratamento de fertilização, um caso raríssimo.

“Isso é estimado em um a cada 700 mil partos”, explica o obstetra especialista em gestação gemelar do Hospital das Clínicas e Wagner Hernandez.

Normalmente, um espermatozóide fecunda um óvulo, gerando um único embrião. Mas, na gravidez de Caú, quatro espermatozóides fecundaram quatro óvulos. Resultado: quatro embriões geneticamente diferentes, cada um com sua própria placenta.

Fatores hereditários podem influenciar. Estudos também mostram que mulheres mais velhas, altas ou gordinhas têm mais chances de engravidar de múltiplos.

“E tem uma coisa um pouco demográfica. Os orientais têm uma menor chance, enquanto algumas tribos, na Nigéria, por exemplo, têm uma maior incidência de gêmeos naquela região”, explica Hernandez.

Para Carolina e Jerônimo, foi um susto.

“Chorei. Achei que a minha vida tinha acabado. Não queria que ninguém fosse me visitar na maternidade, que não era para avisar quando eles nascessem”, lembra Carolina.

A descarga de hormônios em uma grávida de quadrigêmeos costuma ser muito alta. Vieram as alterações de humor.

“Elas apresentam mais náusas e mais vômitos”, explica Hernandez.

“Eu não conseguia comer nada”, lembra Caú.

Chegou até a perder peso.

“Perdi uns três quilos. Cheguei a ir para o hospital”, conta.

Para evitar que o peso dos bebês abrisse o colo do útero, Caú foi submetida, logo no começo da gravidez, a um procedimento chamado cerclagem. Em uma cirurgia assim, o colo do útero
é costurado, fechado.

Carolina tirou licença do trabalho e se mudou para a casa da mãe. Passou sete meses em repouso absoluto. Foi um teste de paciência para o casal.

“A nossa relação de marido e mulher também ficou de escanteio. Eu virei grávida, simplesmente grávida”, explica Caú.

Começaram os preparativos e os gastos. As cômodas estão lotadas, o armário da cozinha está lotado de mamadeiras. Há um estoque de produtos de higiene e fraldas.

Enquanto uma pessoa que vai ter um bebê compra três ou quatro jogos de lençol, na casa deles tem 16 jogos. E tudo é muito!

São três meninas e um menino: Sophia, Laura, Beatriz e João Pedro.

“A relação deles é muito interessante dentro da barriga, porque um empurra o outro e o outro vai e chuta. Se um deles fica apertado, o outro vai e chuta”, conta Caú.

Dentro do útero, ocorre uma disputa por oxigênio, nutrientes e espaço. Vale tudo, até pé na cara!

“São quatro indivíduos para receber a mesma quantidade de oxigênio e nutrientes que mandaria para um bebê”, ensina o obstetra Guilherme Fernandes.

E a divisão é desigual. Beatriz, coitadinha, é a mais levinha, e está debaixo de todos os irmãos.
Mas os fetos não passam o tempo todo competindo. Eles também brincam dentro da barriga da mãe!

“O que os estudos demonstram é que já a partir de sete ou oito semanas de gestação, os bebês se tocam. Um outro vai responder, ou ele acorda, ou mexe”, ensina a obstetra especialista em gestação gemelar dos Hospital das Clínicas Maria de Lourdes Brizot.

Os cientistas descrevem um caso em que gêmeos, um menino e uma menina, eram sempre vistos no ultrassom encostando bochecha com bochecha. Esse joguinho, para a surpresa dos médicos, continuou depois do nascimento.

Com um ano de idade, a brincadeira favorita dos irmãos era tocar no rosto um do outro, separados pela cortina. Exatamente como no útero.

14 de setembro. Carolina está na 29ª semana de gestação. É o limite para a maioria das grávidas de quadrigêmeos. Os bebês, cada um com pouco mais de um quilo, podem nascer a qualquer momento. Os médicos decidem que é hora de ir para o hospital e tentar ganhar mais alguns dias antes do parto.

Cercada de cuidados, Caú consegue esticar a gravidez até a 31ª semana. O peso dos bebês, somado, já passa de cinco quilos. Não dá mais para esperar. Os médicos marcam a cesariana para o dia 28 de setembro.

28 de setembro. A primeira a nascer é Sophia. O segundo é João Pedro. Depois vem Laura e, por último, Beatriz.

“Fiquei emocionado de ver uma coisinha pequenininha, já chorando”, diz Jerônimo.

“Os quatro nasceram superbem, nasceram com peso proporcional, e graças a Deus eles estão bem”, avisa o médico Mário Martinez.

E lá vão eles, limpinhos e prontos para conhecer a mamãe!

João Pedro nasceu com 1,505 kg. Laura nasceu com 1,340 kg. Sophia veio com 1,230 kg e Beatriz com 1,110kg. O comprimento de todos varia de 38 cm a 40 cm.

“É a coisa mais emocionante, mais linda”, emociona-se Caú. “Realmente, as pessoas que disseram que eu fui abençoada estavam certas. A maior emoção que eu já tive”, avisa.

Mas os quadrigêmeos nasceram prematuros e vão ter de ficar na UTI neonatal para ganhar peso.

O tempo passa e eles vão crescendo. No começo, uma sonda leva o leite materno até o estômago dos bebês. Eles ainda não sabem sugar. Precisam também de oxigênio, porque o pulmão não está maduro.

Carolina aprende a dar banho.

“Nunca troquei uma fralda, nem da minha sobrinha, nunca dei um banho. Nunca fiz nada. Agora, vem logo quatro”, assusta-se Carolina.

E os miudinhos ganham aquele aconchego no colo da mamãe. Beatriz e Sophia não querem saber de outra coisa. Alguns dias depois, outra cena de carinho. Sophia e João Pedro ficam no maior chamego.

Isso não é à toa. Os cientistas acreditam que entre gêmeos o contato com o irmão acalma.

“Eles se sentem muito como se sentiam na fase intra-útero, e sentem a presença do outro. Então, o fato de colocá-los um pouco próximos, faz com que eles não sintam tanta a falta do outro quando há toque entre eles”, explica a obstetra Maria de Lourdes Brizot.

3 de novembro, 36º dia. Os bebês aprenderam a mamar e respiram sem dificuldade.

Hora de ir pra casa - quase um mês antes do previsto!

Eles estão bem mais gordinhos. João Pedro ficou com 2,6 kg. Beatriz, a mais magrinha atingiu os 2,09 kg.

“Todos atingiram o peso acima de 2kg e todos saíram juntos do hospital”, comemora a neonatologista Graziela Del Ben.

A despedida emociona todo mundo. Os funcionários aplaudem Carolina.

“Obrigada pela atenção de todo mundo, pelo carinho. Quando eu cheguei, não tinha nem coragem de encostar neles, e agora eu já dou até banho sozinha. Agora, eu estou indo pra casa”, agradece Caú.

Começa agora uma nova fase na vida de Carolina e Jerônimo. Você vai acompanhar, a partir do próximo episódio, a saga deles e de outras famílias com quadrigêmeos Brasil afora.

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