domingo, 17 de janeiro de 2010

Salvador fica em primeiro lugar em blitz de lixo urbano
A capital baiana que amargou o título de campeã da sujeira na praia, no último domingo, também ficou em primeiro lugar na blitz do lixo urbano.



Domingo passado, o Fantástico fez a blitz do lixo em sete praias do litoral brasileiro. O resultado deixou muita gente de cabelo em pé. Agora é a vez das principais avenidas, de sete capitais do país, passarem pelo raio-x da sujeira. Qual será a mais suja?

Está todo mundo careca de saber que lugar de lixo é na lixeira, mas, então, por que as ruas das cidades brasileiras andam tão sujas?

“É culpa nossa mesmo, do ser humano”, afirma o comerciante John Rodbson. “As pessoas mesmo sujam”, aposta a advogada Genir Avelino. “A maioria não tem um pingo de educação”, critica a professora Rosângela Menezes.

“Tem plástico, tem copo descartável”, aponta a vendedora Maria da Conceição. “É o que você mais vê por aqui: a lixeira está do lado e o cara joga o lixo no chão”, diz o militar Rodrigo Cardoso.

No Rio de Janeiro, um segurança uniformizado abaixa para pegar o saco plástico. Parecia uma boa ação. Que nada! Ele simplesmente joga o saco de volta no chão. E isso porque ele está do lado de uma lixeira.

A presença da câmera do Fantástico também não inibiu uma moça. Ela abre a bala, passa pertinho e joga o papel no chão.

Fantástico - Reparou que você jogou o papel no chão?
Mulher - Reparei.
Fantástico - Tem uma lixeira aqui, tem uma outra do outro lado.
Mulher - Desculpa.

De desculpas esfarrapadas, o pessoal que recolhe o lixo já está cansado. “Tinha que educar o povo, porque o povo joga tudo. O cara acaba de varrer. Daqui a pouco, suja de novo”, ressalta o gari Ricalho Benedito Rosa.

Em Goiânia, uma mulher abaixa e deixa um copinho no chão E a criança que está com ela rapidinho aprende o mau exemplo. Outra mulher dá aquela disfarçada para se livrar do papelzinho.

Já em São Paulo, um pessoal nem se preocupa e joga ponta de cigarro no chão na maior cara de pau. “O brasileiro joga mesmo, não tem jeito. Não sou eu que jogo, todo mundo joga”, diz um homem.

Infelizmente é verdade. E, para saber a quantidade de lixo que as pessoas andam deixando pela rua, o Fantástico convoca um novo teste.

Na semana passada, a equipe do Fantástico mediu o lixo de sete praias do litoral do Brasil. Hoje, são grandes avenidas de sete capitais brasileiras que vão passar pelo pente fino da sujeira. A pedido do Fantástico, as companhias municipais pararam de varrer as ruas pesquisadas em um trecho de um quilômetro, durante o horário comercial de um dia útil.

Só no final do dia, a turma da limpeza entrou em cena para recolher e pesar a sujeira. Mas atenção: no teste só foi contabilizado o lixo recolhido do chão, aquele da falta de educação. O que estava dentro das lixeiras não entrou na soma.

E como resultado, uma má notícia para a Bahia! Salvador, que amargou o título de campeã da sujeira na praia, no último domingo, também ficou em primeiro lugar na blitz do lixo urbano, com 1.2 toneladas.

Logo atrás, vem a outra representante do Nordeste: Fortaleza, com pouco mais de uma tonelada. O terceiro lugar é da região Norte: Belém, com 710kg.

”A cidade está muito suja, está faltando até lixeiras aqui. Não encontrei lixeira nenhuma aqui na Presidente Vargas”, critica a contadora Andria Duarte, que mora em Belém.

A prefeitura tenta justificar:“Belém tem um problema sério que é o vandalismo. Você implanta lixeiras e elas são vandalizadas com muita rapidez. Às vezes, faltam recursos para repor essas lixeiras que são vandalizadas”, afirma o secretário municipal de Saúde, Sérgio Pimentel.

Só que sem lixeiras, o lixo vai acumulando. E nesta época de chuvas, a situação só piora. Veja em vídeo o trabalho dos garis para desentupir os bueiros.

No Rio de Janeiro, não faltam lixeiras. Mesmo assim, a cidade aparece em quarto lugar, com 680 kg.

“A Comlurb gostaria de ter essa parceria com os moradores, com todos os que utilizam a cidade, para que prestassem atenção no horário em que o caminhão passa, para só colocar o lixo uma hora antes do caminhão passar”, diz a presidente da Comlurb, Ângela Fonti.

São Paulo, a maior cidade do Brasil, se saiu um pouquinho melhor que o Rio e somou 540 kg de lixo. E ainda teve a forcinha do dono de banca Antônio Araújo. “Tem uma lixeira ao lado aqui, tem uma aqui na banca, mas sempre jogam na rua”, diz.

Em Goiânia, o início da manhã parecia animador, mas foi só o comércio abrir para o cenário mudar. Uma funcionária varre o lixo de dentro da loja direto para calçada e deixa tudo ali mesmo, no meio da rua. No final do dia, são 203 kg de sujeira, a maior parte de papel picado.

“Você vai ver que está com 80%, 90% de materiais recicláveis que poderiam ser reaproveitados e a gente ter um nível de consciência ambiental maior”, aponta o presidente da Comurg, Wagner Siqueira.

E o título de campeã da limpeza vai para Curitiba, com apenas 33 kg de lixo recolhidos do chão. E olha que os curitibanos não estão satisfeitos. “Essa rua é bastante suja”, afirma o vendedor Elias Silveira. Mas justiça seja feita. Em Curitiba e nas demais capitais, também não faltaram flagrantes de bons exemplos. Nem tudo está perdido.

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