sábado, 9 de janeiro de 2010


Etanol de mandioca

Combustível produzido a partir do tubérculo é opção de negócio para produtores da região Norte do país




Uma nova forma de aproveitamento da mandioca está ganhando força no Norte do país: a produção de etanol. Seis dos dez maiores municípios produtores do tubérculo do Brasil estão nessa região, onde a maior parte do cultivo é realizada em pequenas propriedades, de acordo com o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Até hoje, entretanto, não havia nessa porção do país um modelo de negócio sustentável para os agricultores voltados à cultura.

Essa realidade começa a mudar com ações do Programa Bioálcool, iniciativa do Instituto Ecológica, uma Oscip - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público que desenvolve planos de orientação a pequenos produtores nortistas, em sua maioria assentados de reforma agrária, na tentativa de reduzir os efeitos das mudanças climáticas. Para colocar o projeto em prática, duas usinas estão em fase final de construção: uma em Porto Nacional, Tocantins, e outra em Botucatu, São Paulo. A ideia é que no parque tecnológico do Sudeste, que possui capacidade máxima para produzir seis mil litros de etanol por dia, sejam realizadas pesquisas que, sob a coordenação Unesp - Universidade Estadual Paulista servirão de modelo para a usina da região Norte.




Sistema de destilação de etanol implantado pelo Programa Bioálcool
"Enquanto a cana-de-açúcar requer extensas áreas e uma agricultura intensiva, com altos custos, a mandioca não exige mecanização complexa e necessita de menor volume de capital", afirma Cláudio Cabello, vice-diretor do Cerat - Centro de Raízes e Amidos Tropicais, da Unesp, que controla os trabalhos em Botucatu. Além disso, enquanto uma tonelada de cana produz cerca de 70 litros de etanol, a mesma quantidade de mandioca gera 170 litros de álcool. Cabello explica que, em lugares onde a produção de cana é altamente desenvolvida em termos tecnológicos, como nas cidades paulistas de Piracicaba ou Sorocaba, a raiz não é competitiva. Entretanto, ela é a matéria-prima ideal para as pequenas unidades produtoras da região amazônica.

Durante a época do Pró-Álcool, na década de 1970, foram implantadas nove usinas para produção de etanol de mandioca, mas problemas entre os agricultores e o sucesso da cana-de-açúcar fizeram com que o tubérculo perdesse espaço. Das usinas construídas, apenas uma, em São Pedro do Turvo, no interior de São Paulo, mantém a mandioca como insumo até hoje.

Cabello ressalta ainda que, na Amazônia, muitas localidades tem acesso difícil às fontes de energia. "Em um cálculo rápido, de cada três vezes que alguém coloca combustível no barco, um é para a viagem de ida, um para a viagem de volta e um para ficar no lugar", diz. Diante disso, a mandioca pode ser uma alternativa para suprir estas regiões, aproveitando o produto e a mão de obra locais.

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