sexta-feira, 8 de janeiro de 2010


Obama quebra promessa se Guantánamo não for fechada até dia 22
Ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos em 22 de janeiro de 2009, seu segundo dia de trabalho, afirma que prisão em Cuba deveria ser fechada em, no máximo, um ano
REDAÇÃO ÉPOCA

Ligações perigosas Abu Hurayrah Qasim al-Reemi, Said al-Shihri, Naser Abdel Karim al-Wahishi e Abu al-Hareth Muhammad al-Oufi, líders da Al-Qaeda na Península Arábica. Al-Oufi e Al-Shiri já estiveram presos em GuantánamoA 16 dias do fim do prazo estabelecido por Barack Obama para o fechado da prisão de Guantánamo, o presidente americano parece cada vez mais perto de quebrar sua promessa. Na última terça-feira (5), a Casa Branca anunciou a suspensão do envio de prisioneiros da prisão em Cuba ao Iêmen. A tensão com o país árabe cresceu por conta de Umar Farouk Abdulmutalla, o nigeriano que tentou explodir um avião que viajava da Holanda pra os Estados Unidos no Natal. Abdulmutallab foi treinado por terroristas islâmicos no Iêmen. A Al-Qaeda tem uma forte presença na Península Arábia - onde fica o Iêmen -, e pelo menos dois líderes terroristas da região já estiveram presos em Guantánamo. Segundo Obama afirmou, "há problemas do ponto de vista de segurança" com os iemenitas que levaram a decisão de não transferir os presos.

Em 22 de janeiro de 2009, Obama, em seu segundo dia de trabalho como presidente dos EUA, emitiu uma ordem executiva para rever a disposição dos prisioneiros detidos na base naval de Guantánamo, em Cuba, e ordenou que a prisão fosse fechada. Na ordem está escrito claramente (o texto pode ser lido na íntegra, em inglês, no site da Casa Branca) que as instalações de detenção deveriam ser fechadas o quanto antes, no máximo um ano a partir daquela data. A ordem também afirma que se qualquer preso permanecer em detenção em Guantánamo no momento em que a prisão for fechada, eles devem ser devolvidos para seu país de origem, libertados, transferidos para um terceiro país, ou transferidos para outro centro de detenção nos EUA.

Apesar da decisão de suspender a transferência, Obama reafirmou o compromisso de fechar a prisão, sem citar datas. "Alguns sugeriram que os acontecimentos do dia de Natal devem provocar nossa revisão na decisão de fechar a prisão da baía de Guantánamo. Que fique claro: permanece nossa intenção de transferir os detidos para seus países, desde que haja a garantia de que nossa segurança será protegida", disse. Obama emitiu um memorando presidencial, em 15 de dezembro de 2009, ordenando que a Procuradoria-Geral dos EUA comprasse e ativasse a prisão Thomson Correctional Center (TCC), na cidade de Thomson, em Illinois. Uma parte da TCC, que ficará sob o comanda do Departamento de Defesa, deve ser usada para a realocação de prisioneiros de Guantánamo.


Vergonha Presos em Guantánamo: campo de detenção é um dos pontos mais criticados dos dois conturbados
mandatos de George W. Bush na presidênciaO fechamento da prisão foi um ponto defendido por Obama desde sua campanha presidencial, mas a ideia enfrentou diversas dificuldades ao longo de 2009. Republicanos criticavam a nova administração por não afirmar o que aconteceria com os terroristas presos em Guantánamo. Os democratas - partido do qual Obama faz parte - se recusaram a incluir no orçamento de guerra um pedido de US$ 80 milhões que seria usado pela administração para fechar Guantánamo. No fim de setembro, Gregory Craig, funcionário da Casa Branca responsável pelos esforços para fechar a prisão, foi afastado do projeto. Segundo o Washington Post, poucos dias antes de ser retirado do comando do fechamento de Guantánamo, Craig afirmou alguns de seus pressupostos iniciais foram baseados em erros de cálculo.

A prisão de Guantánamo foi inaugurada em 2002 pela administração do presidente George W. Bush durante a Guerra ao Terror iniciada após os ataques de 11 de Setembro, em 2001 (Confira especial de ÉPOCA com a retrospectiva dos anos 2000). Ao longo dos dois mandatos de Bush, Guantánamo acabou se tornou símbolo do desrespeito do governo americano pelas leis internacionais e de um discurso contraditório, que por um lado defende os direitos humanos, e por outro utiliza técnicas consideradas tortura. Segundo a Cruz Vermelha Internacional, que visitou ao campo de detenção em 2004, os presos eram vítimas de tortura e humilhações, em desrespeito aos direitos humanos e à convenção de Genebra. Pelo menos 420 pessoas presas em Guantánamo foram depois libertadas sem sofrer nenhuma acusação formal.

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