domingo, 24 de janeiro de 2010

Medicina:

Células-tronco do cordão umbilical são usadas no tratamento da leucemia
São as células-tronco que dão origem a todos os tecidos, do coração à pele, dos ossos às células nervosas. A aposta na tecnologia da expansão celular é tão grande que centros do mundo inteiro estão es



O Fantástico aborda a importância da genética, mas de um jeito um pouquinho diferente. O assunto são as células-tronco, uma das grandes apostas da medicina para tratar uma série de doenças. A grande notícia é que esses tratamentos começam a sair do papel. Esta semana, cientistas americanos anunciaram um grande avanço no tratamento da leucemia. Uma revolução de verdade.



Trazer o filho ao mundo e dar a outros pais a chance de verem seus filhos crescerem: “Estou feliz, porque vou voltar a minha vida normal. Vou fazer minhas coisas normalmente, ir à praia, uma coisa que eu não faço há muito tempo”, conta Gabriel Lobo Lima, de 15 anos.

Na segunda-feira (18), Gabriel recebeu o transplante de células-tronco do sangue de um cordão umbilical. Ele foi ao Instituto Nacional do Câncer, o Inca, no Rio de Janeiro, para combater a leucemia violenta que apareceu há quatro meses. O transplante é a única esperança de cura.

São as células-tronco que dão origem a todos os tecidos, do coração à pele, dos ossos às células nervosas. Há dois tipos: as embrionárias, como o nome diz, estão nos embriões. E as adultas que podem ser retiradas da pele, da medula óssea ou do cordão umbilical de recém-nascidos. As do cordão têm a vantagem de estar em um estado menos avançado, permitindo o transplante sem compatibilidade total entre o doador e o receptor.

“A grande maioria dos transplantes realizados até hoje com sangue de cordão umbilical foi realizado com unidades que não eram completamente compatíveis. Os resultados são muito promissores e esses pacientes estão hoje vivos para contar história e mostrar a importância dessa técnica”, conta Luís Fernando Bouzas, do Instituto Nacional do Câncer.

História que começou com Vanessa em 2004. Em Jaú, no interior dede São Paulo, ela recebeu o transplante que lhe deu a oportunidade de derrotar a leucemia e crescer com graça, chegar à adolescência.

“Aquele cordãozinho umbilical abençoado fez com que a Vanessa tenha hoje uma medula maravilhosa. O exame de sangue dela está melhor que o nosso”, conta a mãe de Vanessa, Mary Barro Canal.

A desvantagem é que são poucas células em cada cordão, por isso só podem recebê-las crianças e adolescentes de no máximo 50 quilos. Mas uma descoberta de um centro de pesquisa norte-americano pode mudar isso. Os cientistas conseguiram multiplicar as células-tronco em laboratório. Dez pacientes com tipo de leucemia muito agressiva entre 3 e 43 anos de idade receberam os transplantes, sete estão curados. Os efeitos apareceram muito mais rápido.

“É muito importante essa possibilidade, visto que diminui a internação, as chances de o paciente desenvolver complicações graves”, argumenta Bouzas.

No laboratório do Inca, os pesquisadores avançam na mesma linha de pesquisa, buscando a multiplicação das células. O Inca tem o primeiro banco público de sangue de cordão do Brasil e foi montado nos moldes do de Seattle.

A aposta na tecnologia da expansão celular é tão grande que já faz oito anos que os centros do mundo inteiro estão estocando em duas bolsas separadas. Uma para ser administrada direto no paciente. A outra é para quando a tecnologia estiver disponível para todo mundo, é dela que vai sair o sangue que vai ser reproduzido e depois ser aplicado no paciente.

Há pouco tempo ainda se duvidava da eficiência dos bancos de sangue de cordão ou das terapias com células-tronco. O biólogo da UFRJ Radovan Borojevic espera para breve a liberação, para uso em pacientes com doença cardíaca grave, de uma técnica que ele provou funcionar com células de medula. Em 2000, o senhor Nelson Águia via sua história chegando ao fim.

“Teve um determinado momento que um profissional falou que seu pai não vai ter três meses de vida”, lembra Nelson. Ele foi o primeiro brasileiro a tirar células-tronco da medula que depois foram injetadas no coração doente. Poucos meses depois, ele já subia escada. Em 2004, Nelson jogava futebol e, essa semana, o encontramos de novo, cheio de vigor, fazendo uma caminhada de quatro quilômetros.

“Cada dia que passa, eu torço mais que outras especialidades entrem também na pesquisa de células-tronco”, diz Nelson. Mas isso já acontece em fase experimental de pesquisa no mundo inteiro, para combater mal de Parkison, regenerar o fígado, tratar diabetes. Só é preciso tempo.

“Um paciente que é um paciente em estado grave que todo dia acorda e não sabe se ele vai chegar até dormir a noite ainda vivo, para ele, um dia é muito tempo. Então ele quer uma terapia o mais rapidamente possível”, diz Radovan.

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