domingo, 31 de janeiro de 2010

Crianças deve receber educação sexual a partir 7 anos?

Uma criança de 7 anos deve aprender na escola como são formados os óvulos e os espermatozóides?



Nessa idade ela pode receber informações sobre abuso sexual, emocional e violência doméstica? O governo britânico acha que sim.

A partir do ano que vem todas as escolas britânicas vão ser obrigadas a dar aulas de educação sexual para crianças com 7 anos de idade.

Os objetivos são evitar o abuso sexual infantil e diminuir o índice de gravidez na adolescência.

Lisa Hallgarten, especialista em treinamento de professores, diz que na Holanda, onde a educação sexual começa mais cedo ainda, a partir dos 5 anos, esses índices são baixíssimos. Enquanto os ingleses, que começam a receber educação sexual aos 16 anos, têm o maior número de casos de gravidez na adolescência de toda a Europa.

As estimativas britânicas mais recentes são de 2007. Foram 43 mil casos para uma população de 61 milhões de habitantes.

A nova lei divide opiniões e levanta muitas dúvidas entre pais e professores ingleses. Afinal, existe uma idade certa pra se começar a aprender educação sexual na escola?

“A idade certa seria doze ou treze anos. É quando as crianças começam a ter maturidade para entender o que isso significa”, diz um pai.

Já uma mãe concorda com a lei, dependendo do que for ensinado.

Pela nova lei, alunos de 7 a 11 anos vão aprender sobre: mudança do corpo na puberdade; formação de óvulos e de esperma; reprodução; valor dos relacionamentos estáveis e do casamento; sinais de uma relação amorosa feliz; riscos de abuso e de violência doméstica.

Chris Hill, da associação de diretores das escolas britânicas, diz que o processo é gradual, As crianças aprendem aos poucos e quando chegam na juventude podem tomar decisões seguras.

E se o Brasil adotasse a mesma política e obrigasse as escolas a incluir entre as suas disciplinas aulas de educação sexual para crianças a partir de sete anos de idade? Como será que as famílias brasileiras reagiriam?

O Fantástico convidou algumas mães e educadoras que são contra essa ideia, e algumas que são a favor. Essa idade é muito cedo?

A jornalista Moema Crespo defende: “É essencial esse tipo de papo nas escolas, esse tipo de orientação, até como uma forma de apoiar e ajudar os pais a conseguirem lidar com esse assunto melhor”.

A enfermeira Renata Raquel também concorda: “Com certeza. Essas crianças hoje em dia estão bem precoce.

A recepcionista Glória de Souza Fereira explica: “O menino já é mais de ouvir, ficar um pouco calado, né? Eu como tenho uma que é super assim, tudo ela pergunta. Às vezes eu fico até sem graça, não sei como responder”.

“Eu acho que tudo isso tem que ser feito na nossa casa, dentro da nossa família”, diz a analista de RH Márcia Dantas.

A esteticista Carla de Mello também discorda: ”Eu acho que é muito precoce colocar para uma criança de 7 anos assuntos que ela tem que amadurecer mais para poder absorver”.

“Eu penso que deve ser a partir dos 9 anos. A gente começar já realmente a falar, explicar a função, o que é um espermatozóide, o que é um óvulo, como é que a criança é gerada, o que é uma intimidade de um casal, para que serve a camisinha”, diz a educadora Maria Luiza Borborema.

No Brasil, estados e municípios podem incluir aulas de educação sexual a partir da quarta série do Ensino Fundamental, quando a criança tem por volta dos dez anos de idade.

O Governo Federal tem um programa para adolescentes e jovens dos 13 aos 24 anos. O alunos aprendem e discutem temas como: prevenção de doenças sexualmente transmissíveis; gravidez na adolescência; diversidade sexual; e reprodução. Dois terços das escolas públicas brasileiras adotam esse programa.

Segundo o governo, as campanhas ajudam a explicar a queda nos números da gravidez de meninas e adolescentes.

Em 2009, o Brasil teve, pelo Sistema Único de Saúde, 444 mil partos de mães entre dez e 19 anos de idade. Dez anos atrás, foram 712 mil partos. A redução em uma década foi de quase 40%.

A educadora Maria Luiza completa: “Eu acho que a sexualidade, ela está vindo precoce até pela facilidade que a criança tem hoje em dia. É através de uma música, através de dança sensual, é através da internet. Isso tudo está trazendo realmente uma curiosidade bem antecipada. Mas é importante que os pais estejam atentos para saber como responder”.

“O que eu acho interessante é que ela possa ter algum canal, né? Seja na família, ou na escola, que ela possa até checar as informações. Porque ela vai procurar essas informações”, disse a professora Silvia Zornig.

“Se ela puder chegar em casa ou ter na escola uma informação que vá ser um contraponto muitas vezes a uma ideia muito mais fantasiosa que às vezes a criança tem, e que é errada às vezes, eu acho que isso pode ajudá-la”, diz a psicóloga da PUC-Rio Silvia Zornig.

“Os pais estão muito tempo fora de casa, e não estão conseguindo atender a essas necessidades das crianças. Por isso mesmo eu acho que é legal a educação sexual na escola, para ajudar, defende Moema.

“Eu não concordo, porque mesmo que os pais trabalhem, eles têm que arrumar sempre um tempo para se dedicar aos filhos, não importa como seja”, argumenta Carla.

“A escola já desempenha esse papel, já desenvolve esse papel. Não como currículo. Agora, se tiver que vir como currículo, aos nove anos, eu acho ideal. Aos sete anos eu não acho”, diz Maria Luiza.

Para quem é contra, a questão é a idade, que é considerada precoce.

Para quem é a favor: “Eu acho que se as perguntas já estão acontecendo, é porque está na hora de começar a esclarecer”, argumenta Moema.

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